Meu cantinho

Criei um cantinho para postar os meus primeiros vôos, na inebriante tarefa que é escrever. Aqui tem os meus pensamentos, as minhas revoltas, e tudo o que vai pelo peito de uma mulher que é uma eterna apaixonada.
Coisas de mulher com alma sonhadora.
Mas sem pretensão de ser escritora.
Beijos e beijos

Tania

sábado, 25 de julho de 2009

- A noite sozinha...


O vazio do dia, só sinto quando se faz noite junto aos travesseiros imóveis. Frio e calor se alternam no silencioso escuro que se impõe quando a negação dos sons se faz. Aos poucos o costume ao solidão.Já não existem estrelas, lua, nem sonhas. Não mesmo chuva e trovão quebram o incomodo silencio
Nada além de uma lembrança que aparece de repente. É uma falta que não ousa gritar. Já não se faz presente a camisa jogada, o cigarro acesso roubado de um maço companheiro de livros e quebra luz.
O vazio e o nada acompanham obrigatoriamente o sono de comprimidos que socorrem a incomoda falta.

Tania

- Gavetas...


Não gosto de arrumar gavetas. Criticas não faltaram por não usar um tempo inútil de tentar tornar o passado em presente. Sacrifício que não ouso me impor é ó de saquear lembranças. A violação de momentos que estão guardados em um propósito não tão verdadeiro, cheio de cheiros, cores, formas é bestial.
Tudo tem significados, são ventos bons, tempestades vividas, cheias de magoas, cheias de felicidades, elas permanecem em silencio sem alardear um passado, nem comemorar o presente. Mesmo quando já não cabe mais nada, ela permanece impassível, dias e dias sem reclamar dos misturados que a imponho somente esperando o que vai chegar.
Mas tenho que tomar coragem e deixar a besta me superar. Um dia vou arrumar as gavetas, jogar um monte de coisas fora, uns pedaços de mim. Afinal, não posso arriscar a viajar, a partir, a sair de cena e deixar a disposição da curiosidade de quem vai me invadir. Vasculhar um mundo que conservo velado que não deixo aparecer, o misto do que mostro e do que estão em minhas gavetas.
Mas um dia arrumo essas benditas gavetas, em vez de criar todo dia novos espaços para me guardar em pedaços.

Tania

- Para Safira...


Faz um tempo... Bastante tempo... Em que as avós eram bem diferentes.
Quando eu era criança, a minha Vó era uma velhinha gostosa, que gostava de fazer alfenins (docinhos de açúcar), cocadas com bastante leite, docinhos de orelhinhas de goiabas e outras gostosuras que adoçavam os meus dias.
Minha Vó não era bonita, a idade lhe pesava, a sua beleza estava no suave da sua voz, até mesmo quando dava bronca pelas traquinagens que eu fazia.
Era quem me ensinava a rezar e fazer promessas, às vezes nunca pagas. A fé em Nossa Senhora fazia parte da sua vida e da minha. Com ela eu ia para as procissões, via o Senhor Morto lá na Catedral e assistia a missa do galo todos os anos.
Minha Vó se foi faz bastante tempo, mas deixou dentro de mim um monte de lembranças doces... Doces como só as avós sabem ser...
Deixou-me o modelo de como ser Avó, que foi o mais importante.
Hoje as Avós fazem questão de serem belas e eternamente jovens, já não ficam na beira do fogão esperando o ponto do doce, nem freqüentam assiduamente procissões, mas continuam doces.
As opções da vida moderna incluem comidas prontas, restaurantes, Mc Donald, Cocacola, e um monte de coisas que crianças adoram. Os feriados são compartilhados em família em viagens e praias. A Vó dirige, dança na noite com o Vô e amigos, fazem faculdades, usam o computador e tem até orkut.
Vó de hoje é bonita e culta, mas não deixa de ser doce.
Neto é um presente que Deus dá quando não podemos mais ser mães. Chegam sem avisarem e ocupam todos os espaços das nossas vidas. Nos fazendo de bobas, com birras, dengos, e mau criação.
Mas são filhos com açúcar. Que chegam para adoçar o resto de vida que ainda temos para viver.

Tania