Meu cantinho

Criei um cantinho para postar os meus primeiros vôos, na inebriante tarefa que é escrever. Aqui tem os meus pensamentos, as minhas revoltas, e tudo o que vai pelo peito de uma mulher que é uma eterna apaixonada.
Coisas de mulher com alma sonhadora.
Mas sem pretensão de ser escritora.
Beijos e beijos

Tania

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Caminhamos perdidos


Caminhamos perdidos. Como bêbados em madrugadas, segurando corrimões sujos em percursos cheios de curvas. Fazemos subidas e decidas em terra de chão batido que doem nos corpos que insistem no ser.
Já não ouvimos caixinhas de músicas, nem canções de ninar. Bailarinas insistem em danças repetidas quando já não tem platéia. A boca geme, os dentes rangem e o bruxismo tem o gosto amargo de partidas não feitas. Somente existe presente uma mão cega a afagos em cabelos molhados de saudades. Uma solidão que mutila o corpo que treme e se nega a se possuir. É uma insistência de sermos ainda, quando urge a hora de ser solidão.
Lembranças com gosto e cheiro de leite talhado invadem a passagem de corpos que oscilam. Horas antigas de relógios quebrados não são bem vindas. Meus campos se fazem lamas que seguram pés aflitos no andar.
Preciso voltar. Longas braçadas devem me fazer sair e reaprender a andar. Mas não existe a certeza do querer. Velhos hábitos impedem um novo andar.

Tania

Retorno


A volta esperada foi feita quando o carnaval já morria. Já não existia confete e serpentina, só um caminhar cansado, sem cor, sem amor, já era tempo de cinzas.
Surges incomodando o silêncio, violando a ternura da doce saudade companheira de madrugadas de insônias.
Não trazes os braços para saciar o calor da estrela azul que vive em saudades por entre cometas de chocolates cobertos de chantili cortando os céus em ausências.
Não deixa o sono existir, pois já faz dia. Acorda... Tira as sandálias sujas, chama o silêncio como companhia, anda com tato por entre os dias de abandono. Acende uma luz tênue que ilumine nosso céu, não deixa cometas ofuscarem o seu sol.

Tania

Ternura cor de rosa


Queria de volta horas de bem querer.
Saudades de um namoro simples bem apaixonado.
Cheio de suspiros, pintado de ternura cor de rosa, povoada por sonho de mãos dadas, onde não existisse saudade.
Queria poder ficar abraçadinha. Assistir o sol se pôr imponente de sua missão cumprida, bem quieta em um cúmplice silencio.
Sem precisar palavras, explicações, satisfações, nem promessas ou juras. Queria apenas ficar junta, agarradinha pelo simples prazer de ficar, sem relógios nem folhinhas, sem celular, sem compromissos e preocupações.
Não quero prazer da besta no cio em dia de sexo. E um possuir que não sacie minha alma Quero ternura de braços em volta de meu corpo esquecendo que sou apenas fêmea. Quero uma boca beijando meus cabelos, uma respiração perto do meu ouvido, um coração batendo junto ao meu rosto, apenas isso.
Mas o tempo marca as horas impiedosas avisa que a estrada já foi vencida, e o trem do retorno já não existe. Folhinhas correm dias velozes, já não existe lugar para amar a calma da paixão.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

- Cheiro de Mofo


Minhas saudades de você estão com cheiro de mofo. Senti tantas dores, que de repente uma hora se fizeram quietas. Incrustando-se como uma perola em ostra, no mar. Aos pouco ela foi ficando amarela, coberta, escondida dentro de mim, e foi criando bolor.
Onde andam suas lembranças? Vasculho em um baú antigo cheio de poeira e teia de aranha, mas nunca me permito achar o cheiro de campo amanhecendo e o frescor dos seus braços. Sempre tem um relógio em uma igreja toca alto avisando que passou e é hora de calçar sandálias, que o cheiro agora de café é urgente na estrada que me obrigo a andar.
Em que caixinha será que te guardei? Estava frio, a chuva existia e havia um retorno quando o sol voltasse que não fiz. Perdi a estrada de volta e a chave da caixinha que te guardei, caiu na angustia de tentar trilhar ruas que não conhecia. Eram becos sem saídas que cada dia tornava o retorno mais longe dos meus passos.
Perdi a estrada, o seu cheiro, a suas lembranças. Tudo ficou esquecido em um nó que não resistiu no tempo. Já não posso lembrar de voltar, minha estrada agora é uma auto pista que não permite o olhar pra atrás. Não consigo nem sentir saudades, tudo ficou com cheiro de mofo. E eu também.

Tania

terça-feira, 18 de agosto de 2009

- Fome


Não sou muito chegada à televisão, em geral tenho sono na frente da telinha, mas uma campanha essa semana me chamou atenção. “Alimentação um direito de todos que precisa estar na Constituição”
E fiquei horas ruminando e dando risada sozinha.
Lembrei de Maria Antonieta a Rainha da França que se fosse viva e morasse no Brasil, certamente repetiria “Que comam brioches” e providenciava prender um monte de baderneiros que perdem tempo em falar de fome de um povo.
Lembrei também de uma senhora, que tem fama de receber muito bem em sua casa, com uma ótima cozinha e um serviço perfeito, que e sempre elogiada por todas as visitas, mas que ao ver o povo querendo receber a tal de Bolsa família para fazer feira disse com um tom de desprezo: “Esse povo só pensa em comida”.
A fome é terrível, e só sabe o peso que já conviveu com ela, que já perdeu seu tempo para vê-la de perto, que consegue sair do seu mundinho, tão cheio de conceitos e preconceitos, adoração ao um Deus que lhe traga apenas benefícios próprios.
Isso me lembra outros tempos também. Onde uma menina enfrentava a ira de muitos, garantia cestas básicas, botijão de gás, e por vezes aluguel de um quarto para seu povo.
São só lembranças. Sou impotente diante de tanta fome, de tanta falta de emprego, diante de tanta mentira junto ao povo.
É! Tomara que a campanha vingue. Tomara que seja realmente garantida na constituição. Mas com verbas próprias onde os governantes terão que garantir comida na mesa do pobre, e não bolsa família, destinada muitas vezes a outras coisas como televisão, aparelhos de Dvd, um sofá razoável e o fatal criatório de ácaros que toda dona de casa faz questão de ter, um bonito tapete na sala de visita.
Apesar de ter sido bela, elegante, de ter ficado na história, que Mª Antonieta não retorne nunca, nem tenha outras seguidoras...
Que o povo coma Feijão, arroz, macarrão, muita verdura, muita fruta, um bom pedaço de carne, e o peixe que o mar oferece.
Parece que é prenuncio de novos ventos.
Quem sabe assim... O meu povo consiga “Ser mais feliz”.

Tania

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

- Falta


Não quero ouvir palavras desagradáveis. Não aturo boneca de pano impassíva sendo queimada em noite de aleluia. Não quero que se imponha o esquecimento. Preciso de ar, o oxigênio é pouco e os neurônios agonizam. Saudades rondam deixando a noite gelada. O inverno acampou na minha cama sem perguntar se permito.O corpo sofre com a estranha invasão na madrugada. Preciso de água para lavar o meu vomito. Estou desgarrada escorregando na solidão. Eu preciso de sol que seque meu olho.


Tania

- Seu sono


Seu sono longe do meu, é a fuga de mim feitas em sonhos por entre espaços ainda não vencidos, e um retorno as antigas rotas onde caminhas trazendo novas histórias, carregadas por cheiros e hábitos constantes que se impõe a eterna ciranda.
Rotas antigas, que não permite cascos trotando na madrugada com cheiro de óleo diesel, são campos de bem-me-quer, cultivados em serenos adoçados, em um tempo que o andar com os pés descalços cheirava a alfazema em corpos de um sono só.
Não havia café sem água e açúcar, a musica dos pelos nus era coberta por algodão barato, sujo de areias salgadas nas noites quentes, em que não se permite a falta dos rastros embriagados.
Serei sempre a constante espera solitária, que corre risco de retorno ausentes. Não se perca entre seus sonos, pois a água no fogo não ferve por tempos desconhecidos e o apito das horas soa doce, em prenúncios de outras madrugadas sem saudades.


Tania

domingo, 2 de agosto de 2009

-Tempo no papiro...


Queria eu hoje poder falar do sol quentinho que apareceu depois de uma noite de chuva... Queria poder falar da delícia que é dormir na noite de chuva... Queria cantar a felicidade de um fim de semana no meu paraíso... Mas não posso.
Secam as palavras na cabeça, porque a saudade de outros amanheceres se faz presentes cada vez que a ponte fica para traz. Me nego a passeios, tenho medo de almas perdidas arrastando corrente, em lamentações e choro tardio. Vejo água de chuva e lágrimas se misturarem, se confundirem em poças e valetas pelas ruas nuas sem cor.
E então, a mão se nega a escrever. Cansei de cantar derrotas e desassossegos. A dor que existe nas ruas me confunde os tempos, em lembranças que aos poucos se tornam incômodas. E, uma pergunta insiste em fazer parte dos meus dias. Por quê???
Que quero eu saber de contas, de números mentirosos ou verdadeiros??? Coisas que não fazem parte do dia e da noite de quem tem fome, tem sede de viver o belo, anseia pelo feliz.
Eu quero é poder andar por ruas alegres, sem ranço de decepção. Quero e cantar a alegria do sol quente sem chuva, e viver o friozinho que a noite me traz com gosto de sal.
Não quero lamentos, não quero choro tardio, não quero porquês .
Então eu dou um tempo no papiro, esqueço o computador, seco minha pena.
Que o sal do meu mar me traga novos ventos... Novos tempos...

Tania

sábado, 25 de julho de 2009

- A noite sozinha...


O vazio do dia, só sinto quando se faz noite junto aos travesseiros imóveis. Frio e calor se alternam no silencioso escuro que se impõe quando a negação dos sons se faz. Aos poucos o costume ao solidão.Já não existem estrelas, lua, nem sonhas. Não mesmo chuva e trovão quebram o incomodo silencio
Nada além de uma lembrança que aparece de repente. É uma falta que não ousa gritar. Já não se faz presente a camisa jogada, o cigarro acesso roubado de um maço companheiro de livros e quebra luz.
O vazio e o nada acompanham obrigatoriamente o sono de comprimidos que socorrem a incomoda falta.

Tania

- Gavetas...


Não gosto de arrumar gavetas. Criticas não faltaram por não usar um tempo inútil de tentar tornar o passado em presente. Sacrifício que não ouso me impor é ó de saquear lembranças. A violação de momentos que estão guardados em um propósito não tão verdadeiro, cheio de cheiros, cores, formas é bestial.
Tudo tem significados, são ventos bons, tempestades vividas, cheias de magoas, cheias de felicidades, elas permanecem em silencio sem alardear um passado, nem comemorar o presente. Mesmo quando já não cabe mais nada, ela permanece impassível, dias e dias sem reclamar dos misturados que a imponho somente esperando o que vai chegar.
Mas tenho que tomar coragem e deixar a besta me superar. Um dia vou arrumar as gavetas, jogar um monte de coisas fora, uns pedaços de mim. Afinal, não posso arriscar a viajar, a partir, a sair de cena e deixar a disposição da curiosidade de quem vai me invadir. Vasculhar um mundo que conservo velado que não deixo aparecer, o misto do que mostro e do que estão em minhas gavetas.
Mas um dia arrumo essas benditas gavetas, em vez de criar todo dia novos espaços para me guardar em pedaços.

Tania

- Para Safira...


Faz um tempo... Bastante tempo... Em que as avós eram bem diferentes.
Quando eu era criança, a minha Vó era uma velhinha gostosa, que gostava de fazer alfenins (docinhos de açúcar), cocadas com bastante leite, docinhos de orelhinhas de goiabas e outras gostosuras que adoçavam os meus dias.
Minha Vó não era bonita, a idade lhe pesava, a sua beleza estava no suave da sua voz, até mesmo quando dava bronca pelas traquinagens que eu fazia.
Era quem me ensinava a rezar e fazer promessas, às vezes nunca pagas. A fé em Nossa Senhora fazia parte da sua vida e da minha. Com ela eu ia para as procissões, via o Senhor Morto lá na Catedral e assistia a missa do galo todos os anos.
Minha Vó se foi faz bastante tempo, mas deixou dentro de mim um monte de lembranças doces... Doces como só as avós sabem ser...
Deixou-me o modelo de como ser Avó, que foi o mais importante.
Hoje as Avós fazem questão de serem belas e eternamente jovens, já não ficam na beira do fogão esperando o ponto do doce, nem freqüentam assiduamente procissões, mas continuam doces.
As opções da vida moderna incluem comidas prontas, restaurantes, Mc Donald, Cocacola, e um monte de coisas que crianças adoram. Os feriados são compartilhados em família em viagens e praias. A Vó dirige, dança na noite com o Vô e amigos, fazem faculdades, usam o computador e tem até orkut.
Vó de hoje é bonita e culta, mas não deixa de ser doce.
Neto é um presente que Deus dá quando não podemos mais ser mães. Chegam sem avisarem e ocupam todos os espaços das nossas vidas. Nos fazendo de bobas, com birras, dengos, e mau criação.
Mas são filhos com açúcar. Que chegam para adoçar o resto de vida que ainda temos para viver.

Tania

quarta-feira, 17 de junho de 2009

- Um dia para pensar...


Um dia para pensar...

Desde quinta-feira, estava reclusa no meu paraíso que com o advento do Festival de Verão passou em questão de horas de Paraíso para Purgatório. Minha casa como sempre cheia de rapazes e moças com a testosterona em alta a borbulhar, a curtir de dia e de noite o pior do lixo cultural auditivel. Eu já contava os minutos para voltar para minha casa, o meu quarto, os meus livros, não ter que dividir meu computador com ninguém, e ter o meu silencio tão importante, para a saúde mental.
Já em Aracaju, com meu vulcão interno querendo entrar em atividade, a minha amiga que gosta de cuidar da cabeça das pessoas me lembrou: ¨ Ei, amanhã a gente tem a roda da leitura, você vai?¨. Pronto era tudo o que eu precisava ouvir. Puxa vida, isso era um presente dos Deuses, depois de tanta musica ruim, mesclada por conversas bobas e fúteis, o entra e sai de gente em casa, onde você não tem o direito de dormir, somente cochila, e comidas e bebidas sendo consumidas por todo lado, eu teria algumas horas me dando o luxo de conversar sobre literatura, com pessoas que eu admiro e me espelho.
Estava tão ansiosa que chegasse a terça-feira que olhava para o relógio na mesa de cabeceira que marcava meia-noite, e eu não conseguia dormir. Doida que o dia amanhecesse para eu levantar, tomar um bom banho, café com leite quente comer alguns biscoitos com geléia, e ir para a minha Roda Mensal de Leitura.
No caminho eu já imaginava tentando adivinhar qual seria o autor a ser trabalhado. Séria o delicioso Guimarães Rosa? Será que teria poema de quem? Quem estaria por lá? Com certeza aquela minha amiga que cuida da cabeça das pessoas, estaria, e aquela outra que gosta de desenhar bonecas, pintar o 7 o 8, também estaria. Mas aquele professor que não sabe sorrir? E aquela professora em miniatura de mulher? Não teria graça sem eles. As cabeças que são os nortes da Roda não podiam ficar fora. Quem me instigaria a pensar? A falar, a me contrapor as opiniões, olhando por outros lados? Eu sou aprendiz, mas aprendi com eles a pensar, a ver o verso, ou sei lá, tive coragem de começar a pensar e falar.
As nove em ponto, com todo o calor que Aracaju está fazendo, lá estava eu. Procurei um rosto familiar, e não achei. Somente a pequena Professora, que me recebeu com um belo sorriso. Acomodei-me em uma poltrona na primeira fila como sempre fiz, e tive a ousadia de perguntar pelo Professor que não sabe sorrir. Estava com saudades da cara séria, os olhos que não olham nos meus olhos, mas principalmente da cabeça cheia de certezas e duvidas que ele nos deixa compartilhar em seus contos.
O escritor que seria trabalhado era um contemporâneo, estava na moda, seria o Rubens Fonseca, que com um só golpe certeiro me golpeou no estomago. Epa! Eu estava cheia de duvidas. Estaria eu em uma linha de raciocínio coerente? Ele estaria me mostrando que o homem, ser humano, pode virar animal selvagem pronto para ferir e matar, sem muitas razões ou com todas as razões do mundo dele, por ser só na selva da modernidade que nos submetemos todos os dias, em uma tentativa de poder silencioso e solitário.
Procurei o rosto do professor que não sabe sorrir, para sentir a contração do rosto dele, ele não havia chegado. Procurei a minha amiga que é amiga de Freud, também não havia chegado, nem minha amiga, poeta-pintora também havia chegado. A leitura coletiva já estava para começar, e eu me senti sozinha com Rubens na minha frente me mostrando o quanto de bicho que temos dentro da gente, pronto para botarmos para fora, que a cultura impregnada dentro da alma não deixa sair. Será que eu estava com o olho critico vendo o que devia ser visto. Como aquelas pessoas que eu não conhecia iriam sentir? Eu precisava de socorro, a minha cabeça parecia está mais pirada do que normalmente. Deveria eu falar de bichos? As pessoas entenderiam o que eu queria dizer? A pequena Professora, eu conhecia como professora. Não conheço nada que ela tenha escrito que seja o eu dela. Qual seria o alcance dela?
Rubens finalmente foi dissecado, encontramos tudo que queríamos, e eu me senti como que aliviada. O soco, não foi só em mim.
Que bom poder me sentir com saudades, me sentir em duvidas, me questionar, duvidar de mim mesma, e beber um pouco de Rubens.
Saímos em três para almoçar. Não importa o que eu comi, até agora eu sofria com azia. O que importa e que continuamos a beber conhecimento enquanto comíamos. Começamos a descobrir, o quanto todas nos somos parecidas, solitárias dentro dos nossos tumultuados mundos, com sede de dividirmos, de aprendermos, que após o almoço será adiado para o próximo mês, quando de novo estaremos juntas, de frente com quem? Não sei!
Mas com certeza, será gratificante, beber cultura pelo menos uma vez por mês.

- A Chácara dos meus sonhos


Tempos atrás, fiquei fisurada na idéia de comprar uma chácara que tinha uma casa já conhecida por mim e que eu namorava há tempos.
Era linda, Bem arrumada, limpinha, uma pintura alegre, bons vizinhos, uma ventilação ideal para o clima quente da nossa terra. Ao redor da casa tinha bastante pés de coqueiros, e um rio que cortava o terreno, além de ser na beira mar. A chácara tinha escola para moradores, campo de futebol, quadra de esportes. Não tinha hospital é claro, mas um bom posto de saúde para atender aos que moravam no terreno.
Eu namorava a chácara e a casa como ninguém, mas nunca me atrevi a fazer uma oferta para comprá-la. Eu sabia que meus filhos adorariam a possibilidade de a possuírem.
Passou-se um tempo e a chácara depois de muitos inquilinos foi a leilão. Era a hora de eu me atrever a comprar o pequeno paraíso. Afinal, depois de tantos moradores ela seria minha a qualquer custo.
Lá estava eu na 1ª fila dando lance, brigando com muitos para ficar com a chácara. Não quis nem me interessei em ver as condições em que ela estava. Eu fazia qualquer negócio para tê-la. Afinal, era o meu sonho.
Ganhei o leilão, arrematei por um monte de dinheiro que fiquei devendo a amigos que me emprestaram, mas meus filhos estavam felizes.
Eles corriam pela varanda da casa nova, davam ordens aos empregados, faziam festas com os amigos para comemorar, era só felicidade.
Tempos depois, começaram as primeiras crises. Empregados me cobrando salários atrasados pelos inquilinos anteriores, outros mais graduados pedindo aumento para me ajudarem na administração da propriedade. Vieram as primeiras chuvas de inverno e o sistema de drenagem do terreno não existia, e logicamente a água empossava por todo lugar. O mar, em uma rebeldia sem tamanho lavava minha calçada, destruindo um bom pedaço dela. E eu não sabia o que fazer.
Os problemas se acumulavam, a bela pintura descascava, já não tinha dinheiro para manter a limpeza como antes, e a escolinha que havia no terreno, bem como o belo campo de futebol e a quadra para prática de esportes aos poucos estavam se deteriorando. Era tudo um caos, e o melhor que eu podia fazer era passar dias em outras casas que tenho, bem longe da confusão instalada.
Eu não conseguia renda para manter aquela chácara, estava tudo penhorado, eu havia comprado uma falência. E briguei tanto para ficar com ela, em uma vaidade tola e desmedida.
O terreno não produzia renda, e o que produzia ficava logo retido com os débitos que havia. Os habitantes do terreno, alguns funcionários, alguns meeiros, viviam a reclamar da fome, da falta de energia elétrica, da água empossada, e eu nada resolvia.
Que fiz eu? Como fui comprar uma casa com um belo terreno, sem antes tomar conhecimento de qual era a situação dela? Fui iludida pela beleza do lugar e pelo último inquilino, um senhor meu amigo com quem eu sempre passava um tempo a conversar amenidades, comendo tira gosto e bebendo uns drinques.
Que faço agora? Quem quer comprar essa chácara?
Será que vai demorar muito para eu conseguir me livrar dela? Afinal, eu tenho mais o que fazer, além de administrar uma massa falida. Ela já não é o meu sonho, não é tão bonita como antes, e os meus filhos... perderam o encanto por ela.
Afinal, nem festas tem mais...

Tania

segunda-feira, 1 de junho de 2009

- Ei!! Quero meu paraíso de volta!!!


Ei!! Quero meu paraíso de volta!!!


Todos os sábados, quando estou em Pirambu, tenho uma rotina matinal agradável, saio com o funcionário do meu marido para andar pela cidade. Saio sem horário para voltar, sem dirigir, sem ter que abrir e fechar porta de carro porque saio de buggy, não tem vidro para levantar, acionar alarme, tirar frente do radio, pagar parquímetro ou estacionamento, sem nem mesmo esperar que o farol fique no vermelho, no verde ou no amarelo. Ufa! Em Pirambu, não tem guarda da SMTT, para encher a paciência, e isso para mim é o máximo da tranqüilidade que preciso.
No meu passeio, passo sempre no porto, onde encontro Tereza, D. Zélia e Cilene, vou procurar camarão fresco, um peixe recém-chegado do mar, aproveito para fazer uma fofoca, ouço Tereza dizer em alto e bom som “Perdoai Senhor”, D. Zélia a reclamar da vida e da pensão que vai pagar ao filho do finado marido e outras coisas... Saindo do porto aproveito para ir ver meu afilhado Henrique e minha comadre Valdete, dou umas risadas com a cara de inocente de Nanau, tenho noticias de Sr. Pedro(um rezador dos bons) que mora no Adicuri, vejo Josias com seu eterno jogo sei lá de que, seus planos de viagem e seu carvão para os churrasqueiros. De quebra dou uma passadinha no Super mercado, para comprar o que esqueci em Aju.
Meus sábados pela manhã são sagrados, é o dia que aproveito para ver amigos, para saber as novidades, para não me preocupar com filho na escola, com trabalho, com marido chegando para o almoço. E o melhor, não tenho que dirigir e enfrentar trânsito. É uma mordomia que só Pirambu me permite.
Esse sábado não foi diferente, só que saí com o firme propósito de ver ao vivo, os estragos que a chuva e o descaso provocaram em Pirambu.
Antes tivesse ficado em casa. Dói no peito ver a minha linda cidade semi- destruída, alagada, sem providências, quando o Governo Federal enfrenta uma guerra ferrenha contra a Dengue. Isso para não falar da Leptospirose que não tem cura é mortal e pode ser contraída de água suja e estagnada.
Será que ainda não sabem que existem caminhões com bombas próprias para sugar a água que fica nas ruas??
Será que a crise não permite que se alugue um caminhão para o serviço?
Ou estão dando pouca importância ao fato, ou supõem que todos possuem carroças ou caminhonetas para o trânsito!!!
E haja (para quem pode comprar), repelente!! Porque Dengue mata!! E água empossada é o habitat preferencial do mosquito da Dengue.
Mas o que fazer? Ainda mais quando se sabe que além da chuva, a falta de energia elétrica tem seu destaque nos povoados Alagamar, Paus secos e Santa Isabel, onde a população está voltando a velhos hábitos de salgar a carne da semana para não perder, porque ENERGIA ELÉTRICA está rara, chegando a faltar por 2 a 3 dias.
E haja vela!!! Coitado do meu amigo Juca. Fica difícil ser líder comunitário assim.
Nos meus anos de Pirambu, nunca assisti tanta crise junta.
Nossa gente mais feliz?!?!?!?!?!
Essa felicidade onde anda?? Estou procurando e não acho.
Será que esse pesadelo passa? Ou vem outro pior?
O povo não merece passar por tudo isso. Ou será que merece?
Ei!! Quero meu paraíso de volta!!!

terça-feira, 26 de maio de 2009

- Quando se está amando


Quando se está amando


Minha semana começou com meu peito inquieto. Estava com saudades de meu marido que não voltava de Pirambu. Imaginem que depois de 30 anos morando juntos, ainda fico com saudades quando ele não está em casa. Comecei por arrumar umas gavetas, tirar o que não uso e criar espaços; mas não parei por aí. Era domingo, e o dia me parecia longo, as mensagens da minha caixa de e-mail não tinham graça nenhuma. Então continuei a arrumação agora na garagem, que me irritava terrivelmente, cheia de bagulhos que filhos e marido vão colocando. Passei o domingo a tirar coisas do lugar e fui dormir tarde da noite lendo um livro de Simone de Bouveir, escritora Francesa de que eu gosto muito.
Segunda-feira, diferente do final de semana, acordei cedo com o propósito de encarar uma greve nas Escolas Municipais, que acho justa, porém sem futuro. Mas tudo bem, não sou eu quem vai ser contra uma greve. Eu simplesmente estava inquieta, meio intolerante e ainda tinha me comprometido de, naquela tarde, ir com uma amiga assistir um filme Francês lá no Shopping.
Já passava das 14h00min quando ela me telefonou me lembrando o horário do filme Troquei a roupa e corri para o carro com a minha auxiliar me lembrando que eu comprasse verdura, o filho pedindo que colocasse crédito no seu telefone, afinal era uma necessidade, ele está de namorada nova, outro filho a querer saber aonde eu ia, onde estava o pai dele e minha neta me fazendo jurar que eu não ia demorar. Sair em plena segunda-feira à tarde quando meu marido não está em casa parecia um suplício...
Cheguei ao Cinema e ele não estava diferente do restante do Shopping. Cheio de gente, um monte de criança, de adolescente, como sempre a fazer algazarra, com gritinhos, parecendo que um quer aparecer mais que o outro, engraçados, irreverentes, todos longe do pai e da mãe que podem e devem dar o limite de comportamentos em lugares públicos. A fila estava grande, mas eu abusei outra vez do fato de ser cinquentona, e ser portadora de labirintite. Fui atendida sem fila, onde uma mocinha me perguntou se era meia ou inteira.
Eu sem saber o preço do ingresso, disse: Minha filha eu sou Professora, pago meia ou inteira? – A Senhora tem como provar que é Professora?
- Sim. E mostrei a gloriosa carteira da Prefeitura. Ela olhou o retrato, olhou para mim, acho que não estava gostando de um retrato que foi tirado faz mais de 20 anos, quando eu ainda era jovem e usava o cabelo preto... Interrompi a conferência dela perguntando: quanto é? Afinal o filme já estava começando. Ela respondeu: - R$ 3,50, senhora. Não entendi e perguntei: - Como? R$ 3,50? Ela balançou a cabeça que sim, eu paguei e sai rindo. Eu ia assistir um filme por R$ 3,50... Ficava mais barato que o sanduíche do McDonalds ali ao lado.
Sentei-me na última cadeira com minha amiga, que insistia em conversar, em saber se eu sei falar em Francês, sem saber ela que eu queria mais é que ela calasse a boca e esquecesse que eu estava ali. Eu queria uma companhia silenciosa, queria me deliciar com o filme e ver tudo nos mínimos detalhes. Afinal era um filme Francês e pelo pouco que entendo de Literatura Francesa, as coisas ficam subentendidas, não precisam ser dita.
O filme era legendado, o que me deixava agoniada. Sabe-se que em um filme legendado perde-se 50% do entendimento do filme.
E logo aquele filme: lindo, perfeito, que me convidava a cantar, bater os pés acompanhando a música, que tão bem conheço e que me prendia nas expressões dos atores, que eram maiores que a fala, por vezes perdendo a legenda, para me fixar nas expressões, no cenário, e nos olhos da atriz principal.
Minha agonia só aumentava... O cheiro de pipoca com manteiga, que deixavam o ar insuportável, com um monte de jovens que entra conversando, acendendo luz do celular, tropeçando em minhas pernas na passagem e desistindo do filme e saindo no maior comentário.
Eu só queria assistir ao filme. A história batia comigo, falava em amor quando a idade chega e a vida avança velozmente.
Acabou o filme e sai sem querer conversar sobre ele. Minha amiga insistia. Convidei-a para um café, e começamos a falar em filhos, em greve, e disse apenas: - Eu preciso ruminar... Mas não era isso. Eu preciso assistir outra vez ao filme. Mas em casa, longe do cheiro de pipoca, de adolescentes entrando e saindo, em silêncio, de preferência sem legenda.
Vou a uma locadora essa semana alugar o filme. Esse é o filme que eu não posso assistir pelo meio. 50% são pouco para tanta beleza, quando se tem saudades...


Tania

- Pirão fora de tempo...



Pirão fora de tempo...


Quero crer que não... Por vezes creio que sim...
Dúvidas que cercam meus pensamentos, a toda hora.
O ar anda pesado, o tempo meio conturbado, vem tempestade, vem vendaval???
Como diz meu velho amigo Doca, já foi lua, agora ela já está morrendo. Será?
Velhas canções que cantam liberdade e justiça já posso ouvir. Meus ídolos já não são mais censurados, presos e deportados.
Mas o ar anda pesado. Relâmpagos e trovoadas se formam ao longe. Muitos gemem, muitos têm frio, muitos têm fome, e não conseguem um cachorro quente para comer. Mas comer como? Já não resta pão, nem salsicha no bornal.
Já não leio o Pasquim, Jorge Amado morto não produz livros, Caetano Veloso canta o amor e Gil... Desistiu da carreira, que não seja a de cantar.
E, em meio ao dilúvio que se arruma, ouço alguém me falar de Flores, vejo pessoas enfileiradas em um coral cantando Vandré, que se nega a cantar.
Até quando vou esperar para ser Lua outra vez??
Será que posso ficar na minha praia esperando? Ou vai ser Proibido? Por que não tenho uma bolsa vermelha para catar estrelas?
A vacina contra gripe não chegou pra mim. Vou esperar outras luas para que ela chegue. Nem a de rubéola, cheguei tarde na fila. Também quem manda não ter relógio nem folhinhas. Quem manda não contar o tempo na medida certa.
Mas o grande Dragão se faz presente, e como coelho reproduz rápido, e eu tenho medo. Ou não tenho. Sei lá!
Vou continuar a usar papiro, a secar o peito, a sangrar nas letras como hemorragia descontrolada.
Vem grande dragão, com seu fogo queimando tudo que eu não me importo. O meu mar tem bastante água para te abater. E seu tempo de vida é contado no relógio do sol, que nunca vai deixar de existir.
Eu sou livre como o vento, como o mar, e não temo tempestades.
Fui forjada nos tempos de guerras, com aço temperado.
Não vou esquecer de cantar Vandré.
Não vou deixar de falar de flores, porque tem muita barriga que doe, muita teta seca sem leite, no meio da festa.
Não aprendi a me agasalhar, me esconder das sombras, procurar refúgios que me acolham, quer o vento seja norte, seja sul.
Mas aprendi a olhar, e ver, a ouvir e sentir. E a vomitar quando o pirão está fora do tempo, do tempero.

Tania

segunda-feira, 18 de maio de 2009

- Oração pedindo misericórdia


Oração pedindo misericórdia


Meu Senhor, Deus todo poderoso, pai abençoado, venho a tua boníssima presença pedir piedade por essa terra querida. Sei que não devo ter muito crédito, por andar meio relaxada com as minhas obrigações como cristã. Porém, deves levar em conta que vivo dentro de seus mandamentos, e preceituo a sua palavra na minha família e onde caminho. Assim, atrevo-me a pedir piedade por esse povo sofrido, enganado, que se encontra em penúria e angústias nessa hora.
A nossa terra era linda, e permitistes que em pouco tempo, se visse destruída. O nosso povo era feliz, cantava e dançava, tinha comida e lugar para morar, hoje é triste e nem o seu mar fornece os peixes que tantas vezes matou a fome de muitos. O sol companheiro, que por muito tempo se tornou o grande trunfo, tornando suas praias de areias e águas quentes, retirou-se fora de hora, dando lugar a chuva interminável que alaga tudo e provoca a ira do mar que revolto invade a terra resgatando tudo que destes como presente a esse povo.
Eu sei que as pessoas não têm cuidado do seu legado como deviam, mas fostes tu meu Deus quem permitistes. Eu sei que tudo acontece como uma punição pela falta de cuidado com a sua natureza que emprestastes, mas foste tu quem permitistes. Então meu Deus, não penalize seus filhos que só têm a ti como socorro.
Prometemos a vós senhor, que em outras horas, em outros dias que virão, se tu permitires, não deixaremos mais que nos enganem com falsas promessas. Brigaremos pelo seu paraíso na terra e se for de sua vontade, ajudaremos a reconstruir o que foi destruído.
Por fim Senhor, venho me prostrar diante de ti, rogando clemência, com respeito, pedindo misericórdia, na certeza que só tu podes socorrer seus filhos nessa hora de aflição.
Bendito sejas para sempre.
Amém!

Tania

segunda-feira, 11 de maio de 2009

-Fazer o hoje mais belo.


Quando penso que estou ficando velha e já vi de tudo, me surpreendo com a cabeça e a fala das pessoas. Bem, sei que não deveria ficar surpresa, pois cada pessoa é uma caixinha de surpresa que se abre quando menos se espera, e aí, bota surpresa nisso.
Esses dias, me deparei com os depoimentos de uma pessoa instruída, depoimento comprometedor, acusativo, que insistia em mostrar uma pseuda cultura, falando termos e palavras pesquisadas cuidadosamente em uma tentativa de se impor junto às pessoas como erudita. Te cuida Dalton Trevisan... Fica atenta Suzana Vargas...
Coitada dessa pessoa, com certeza ela jamais fará parte da nossa “Sociedade dos Poetas Vivos”. A Sociedade é para quem tem peito e alma de poeta, quem consegue vibrar, chorar e amar. Quem insiste em enganar, mentir, julgar o que não conhece, ser uma farsa ambulante, certamente não merece fazer parte da Sociedade dos Poetas Vivos.
Sinto-me muito a vontade em escrever e criticar. Sou politicamente correta com meus pensamentos e posicionamentos de vida, não tenho passado a lamentar, minhas opiniões político partidárias são bem definidas e de conhecimento público e apesar disso sou respeitada e tenho um bom trânsito entre gregos e troianos.
Do passado trago uma citação antiga que diz: “Uma coisa é aprender com o passado; outra é ficar lá presa. O passado existe quando se está infeliz”.
Afinal, não entendo porque as pessoas insistem em ficar revirando o passado dos outros quando não é para tentar construir um presente melhor. Devemos tirar dele somente boas lembranças, recordações agradáveis, algo que acrescente e não que revire dores.
Uma grande lição nós temos com os idosos. Queixam-se que a memória está falha, mas de momentos felizes eles não esquecem, é o grande trunfo que têm à mão para viverem felizes os anos que lhes restam. E isso deve ser seguido por todos nós.
Realmente, torna-se incompreensível viver de mágoas, de rancor, de lembranças desagradáveis, não é saudável.
Faz bastante tempo que aprendi com o ex-Governador Lourival Baptista “não tenho raiva, eu faço raiva.” Nem tenho porque ter inveja. O bom Deus tem sido muito bom comigo Sou uma privilegiada, o que não me dá o direito de pisar, enganar, roubar e com certeza eu não faço.
No máximo me atrevo a ter Vaidade... quem não tem? A ter Preguiça... quem nunca sentiu em um belo dia de sol, junto ao marzão que Pirambu nos brinda? A ser Soberba... Quando falo na beleza dos meus filhos e na inteligência do meu marido... Isso é só. Para quem pode, é claro... A ter Gula... Hummmm, quem resiste a um almoço no restaurante de Rui?
Mas, por tão pouco, acho que minha pena será leve... kakakaka.
Por fim, eu brindo meus amigos com um poema de Suzana Vargas, que devia inspirar muita gente.
Este ano
vou aprender a sofrer
E também a amar a vida
através disso.
Vou escolher num recanto de praia
uma casa
-se possível com varandas-
Um sol que vou pregar bem na vidraça,
E vai me iluminar.
Depois instalo um barco no horizonte,
um pescador na pedra,
um fumo,
pra pensar.
Contrastando com o cinza da cidade,
protejo o quadro com moldura branca,
e espero até ter grana
pra comprar.

Vamos lá. Vamos viver o hoje, vamos criticar o que é agora e pode ser mudado para tentarmos fazer o hoje mais belo.


Tania

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Aff! Que Stress!!!


Aff! Que Stress!!!

Nem acredito!!! Como uma boa rebelde, fiz questão de nunca depender economicamente de ninguém. Por isso aos 17 anos, fiz concurso para Secretária de Educação do Estado e comecei a trabalhar.
Meu salário como funcionaria pública sempre representou minha grande independência. Com dinheiro no bolso não fico pedindo, por favor, para comprar minhas brefaias. Estou sempre pagando. Logicamente que existem pessoas e situações nessa vida que o dinheiro não paga, somente o Obrigado, e mesmo assim ficamos o resto da vida em débito. E eu tenho débito com muita gente nessa vida. Graças a Deus!
Mas essa semana o meu orgulho, prepotência e atrevimento caíram por terra.
Virada de mês, era uma sexta-feira dia 1ºde maio, e feriado, tempo de pagar funcionários sem os quais não sei viver! E lá fui eu ao único banco existente na cidade, de cartão em punho, fazer uma retirada de dinheiro para pagar meus auxiliares, e para surpresa... O cash também decretou feriado!!!
Epa! Faltou luz? Quebrou o cash? O que está havendo?
“A sra. não sabe? Domingos e feriados o cash do banco não funciona. Mas existem os pontos BANESE onde a sra. pode fazer retirada.”
Uma simples explicação para enganar uma Funcionária Pública que é obrigada a ter seu salário depositado no BANESE e confiou no slogan “O Banco da Gente”.
O que é que está acontecendo??? O BANESE agora vai dizer o dia e a hora que eu posso ter meu dinheiro? E todas as taxas absurdas que pago mensalmente não me garantem o direito de sacar o dia e a hora que quero não? Preciso reler os contratos que assinei urgente!!
Como diz minha amiga Tereza que me vende peixe, “Perdoai Senhor!” Eu quero o meu direito de estar em Pirambu, e poder sacar dinheiro no cash do BANESE a hora que eu quiser, o dia que eu quiser eu pago caro para isso. E todos sabem que os pontos BANESE não funcionam, pelo menos para saque.
E os funcionários da Prefeitura Municipal que receberam dinheiro no último dia do mês?? Quem não sacou no dia 30 enfrentando intermináveis filas, no dia 1º não tem direito a ter dinheiro em casa.
Isso é uma falta de respeito com o cliente-obrigatório, isto é, quem é funcionário público.
E os governantes municipais o que fazem?? Deveriam exigir do Sr. Gerente do BANESE que disponibilizasse os cash para a população usar nos finais de semana
Te cuida, senhor Gerente! O BANESE cada dia encontra motivos e motivos para ser vendido.
Não acredito que é assim que querem fazer de Pirambu um Pólo Turístico. Se for, coloquem um outdoor na ponte avisando: “Amigos, se você está indo visitar Pirambu, preferencialmente leve dinheiro para comer seu caranguejo, castanha (não aceita cartão), camarão, sua cerveja, seu refrigerante, e seu almoço. Vocês poderão pagar com o cartão BANESE em alguns locais, mas jamais retirar dinheiro para eventualidades.”.
Tudo isso, sabem por quê???
“Em Sergipe a história agora é outra”
“Governo de todos” hummm, hummm!!!
Só restam agora umas perguntas que não querem calar: TODOS quem, cara pálida???? História com “H” ou com “E” ??
E eu tenho que seguir cantando: “É! Você é um Negão de tirar o chapéu...” E viva Alcione!
E viva a ponte que vou cruzar para tirar dinheiro no cash mais próximo! E só assim posso pagar meus funcionários, comprar peixe em Tereza, camarão em D. Zélia, comer pizza em Veinha, e tomar coca-cola em Duda, comprar cigarro na rodoviária, e pagar Cleciane para fazer minhas unhas.
Aff! Que Stress!!! E elegi aqui para ser meu paraíso!!!


Tania

sexta-feira, 24 de abril de 2009

- Sobrenomes


De repente Aracaju, virou uma cidade grande, bonita, agradável, podemos dizer desenvolvida. A visão megalomaníaca, como muitos acham do Gov. João Alves trouxe o progresso e em conseqüência todos os perigos das grandes metrópoles.
Mesmo bancando moradores de cidade grande os Aracajuanos, não esquecem os modos, por vezes, de interioranos. Consideram Aracaju, um ovo, onde todos se conhecem, são parentes e fazem propagadas disso nas inúmeras comunidades do Orkut na Internet.
As pessoas são avaliadas pelo sobrenome e não pelo nome. Você pode ser inteligente, trabalhador, ter um bom salário e um bom emprego, mas a sua competência cai por terra quando alguém pergunta de que família você é.
Tornou-se folclórico o uso de sobrenomes. Cada hora temos um na moda, em meus anos de Aracaju, já vi vários, Prado, Leite, Garcez, Vasconcelos, Mendonça, Barreto e outros mais, todos ligados a uma figura Política de destaque ou a um grande negociante da terra.
Quem tem um parente lá por traz da serra, que lhe possibilita usar um nome de destaque, despreza o seu nome real, por um importante, desde que não seja Santos, Jesus, Silva. E quando acontecem os casamentos, a esposa e os filhos devem usar o nome mais importante nos documentos, descartando até mesmo o nome do marido a quem jura ser fiel na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, mas no sobrenome, jamais haverá juramentos.
Na época de curso universitário assisti uma vez uma moça fazendo escândalo por ser reprovada em uma matéria que a Professora usava Santos como sobrenome e era negra. A Professora é uma Doutora, com um nível de conhecimento invejável e uma didática das melhores que já vi.
Mas a moça gritava aos quatros ventos pelos corredores, “só podia ser preta e dos Santos”, na época ainda não existia a Lei Mª da Penha, nem penalidades por preconceitos o que possibilitava oportunidade as meninas de famílias, que freqüentavam a Universidade, os escândalos que quisessem.
Anos depois, fui a vítima. Não sou Sergipana, nem sou casada com Sergipano. Portanto, meus sobrenomes são importados de outros estados, não sendo eu parente de nenhuma autoridade, nem de família tradicional, apesar de ter sobrenomes conhecidos.
A cada hora, no meu trabalho com políticos no PFL, sempre encontrava alguém querendo associar um dos meus sobrenomes a esse ou aquele político. Sempre me diziam: Você é eficiente. Você é de confiança. Você é competente. Você é agradável, mas sempre vinham as terríveis perguntas: Você é irmã ou sobrinha do Deputado, do Vice-Governador, do ex-político e outras autoridades mais, que levasse a associação do meu nome.
Hoje em dia já não trabalho com política, e já não ouço esse tipo de pergunta. Entretanto, o hábito de querer ser parente de políticos não desapareceu ainda da vida das pessoas. Volta e meia encontramos alguém querendo bancar o importante, o nobre, usando um imponente nome que o torne importante também.
Bastante interessante. A Universidade está aí, bem como diversas faculdades, para que as pessoas estudem e procurem com méritos próprios e capacidade serem importantes, mas se torna mais fácil ser parente.
Eu não consigo entender nem achar engraçado. Estamos em 2009, vivemos em um Estado em pleno desenvolvimento e a cabeça das pessoas, uma minoria é claro, continua provinciana, interiorana, fazendo questão de ostentar um sobrenome, conseguido sabe lá Deus como.
Por isso faço questão de assinar somente Tania, que é meu, só meu, não que eu tenha vergonha dos meus sobrenomes, mas são somente sobrenomes, que herdei que ganhei quando casei.
Meu mesmo é só Tania.

Tania.


segunda-feira, 20 de abril de 2009

- Ser Gente Boa...


Ser Gente Boa...
Não sei se me interessa “ser gente boa” para o meu marido.
Não sei se é só isso que me faz permanecer junto dele, dividindo cama, banheiro, mesa de refeições, problemas, crises, criação de filhos (eta coisa difícil).
Ser gente boa me tem um som de piedade, é banal demais... O entregador de água mineral é um rapaz gente boa. O mecânico que me socorre com meu carro, também é gente boa. Aquela Professora que morreu na porta da escola em um assalto era gente boa. E muito mais pessoas a gente rotula de gente boa,
Eu quero mais, muito mais... Quero um homem que me ofereça um ombro nas minhas tristezas. Quero um que vibre nas minhas vitórias. Que respeite os meus acho, que e porque. Quero um homem que tenha tesão em mim, e que sofra a minha falta. Que me faça sua fêmea, não porque “sou gente boa”.
Infidelidade?? Não sei significar corretamente. É uma relação escondida, às pressas, com medo? É o usar um corpo atraente, para trocar o óleo?.
E o resto? Os vínculos? Os almoços nas festas tradicionais do ano? O segurar minha mão quando a barra pesa? A cumplicidade nas horas alegres e tristes?
Mas isso não quer dizer que não tenho ciúmes... Muitos, vários, diversos... Ciúme quando os seus pensamentos não são só meus. Ciúme daquela cervejinha com os amigos. Ciúmes dos cavalos que o roubam de mim, com cuidados, banhos, remédios, capim, etc...
Credo acho que “ser gente boa” deu um nó na minha cabeça.
Eu realmente não quero ser gente boa, quero viver com meu marido até o dia que sentir saudades de cheiro dele, que sentir que preciso ligar 3 ou 4 vezes no dia para ele, que sentir saudades da sua mão na minha, que sentir vontade de voltar para casa porque ele me espera.
Não quero ser gente boa. Quero ser a que faz falta, a que a música faz lembrar, a que sente e dá prazer em dançar agarradinho, a que assiste todo ano ao show de Roberto Carlos abraçada. A que divide o último cigarro do maço, A que divide um vinho do porto olhando as estrelas. A que é necessária na vida dele,
Será que quero demais? Depois de 30 anos vivendo juntos, me sinto no direito de ser mais que gente boa...

- Quando se é avó


Como filha de pais separados, criei uma capa para me proteger das dores que uma tumultuada separação de pais deixa no coração, e com isso inclui toda uma família junto, que sempre se acham no direito ou dever de comentar, aconselhar, ”se meter” na vida e nas opções que as pessoas fazem.
Criei filhos, mas como toda trabalhadora, mais preocupada com o trabalho, horários, em uma roda-viva, que a vida moderna nos impõe (graças a Deus) sempre dependendo de secretárias domésticas, da casa de uma ou outra vó, e por vezes até de avô.
Minha satisfação pessoal e o meu ego estavam cada dia mais satisfeitos. Afinal, eu era muito boa no que me propunha a fazer, e os elogios, presentinhos, o salário e gratificações, próprios de quem lida com políticas, e políticos, me agradavam profundamente. Não tinha problemas com marido, que sempre esteve ao alcance do celular, por perto, prontinho a me socorrer de uma cantada, uma confundida de opções sexuais, e outras coisas que a vida no meio de político traz. Afinal, eu lidava com homens sempre arrumados, que usam um bom perfume importado, e que sempre tem dinheiro para pagar bem mais que uma Coca-cola, e que por vezes confundiam a minha função. Também quem manda ser bonita e ter perna grossa... rsrsrsr.
Meus filhos cresceram, e o evento Lula, me fez adiantar minha aposentadoria. Fiquei meio que perdida. Aos 48 anos, aposentada, meu partido fora do poder, e eu tomando as rédeas da casa depois de muitos anos. A depressão andou dando sinais que seria minha companheira, mas eu não me dei por vencida, afinal sou Ariana, e voltei a estudar, a ler, hábito que andava raro nos meus dias, porque para mim a mulher que resolve ser apenas prendas do lar, acaba perdendo o respeito por si mesma (preconceito meio brabo). E aproveitei também para voltar a trabalhar na Educação da Prefeitura, coisa que nunca tinha feito por estar eternamente requisitada para outros órgãos.
Tudo muito bem, até o dia que meu filho me comunicou que eu seria Avó pela 1ª vez. E agora? Minha vaidade não me deixava curtir o ser avó. Achava-me muito nova ainda. Mas o que não tem remédio... Remediado está!
Nasceu uma menininha linda. Mas a mãe que desse o peito e aprendesse a dar banho, eu tinha muita coisa com que me ocupar que não incluía recém nascida.
Mas, a vida nos reserva sempre surpresas, que não esperamos. Quando a minha neta estava com três meses, em uma noite de surpresas, me foi devolvido o filhão com a filha nos braços. E agora, o que fazer?
Opa! Tive que aprender, ou reaprender a cuidar de uma criança. Meu marido foi cúmplice e pai muito mais que avô. Eu aprendi músicas, histórias infantis, a fazer bonecos, borboletas, joaninhas, baratinha com laço de fita na cabeça, que eu dava vida em minhas mãos. Comecei a descobri o quanto prazeroso é ser avô-mãe. Como o amor é diferente, e grande.
E foi o amor que senti por Safira que me fez mudar. A descobrir o sentido e a importância da minha família.
Hoje, já não me importo com opiniões, comentários, simplesmente me divirto com eles, quero sim resgatar o convívio, o conhecer descobrindo em cada um deles um pouco dos meus traços.
Safira, veio ao mundo, me fazer mais tolerante, mais humana, mais amor.
A vida, realmente nos reserva surpresas!!
Tania

segunda-feira, 13 de abril de 2009

- Retrato 3x4 para uma identidade




Retrato 3 X 4 para uma Identidade

Carteira de Identidade é um documento que nunca nos abandona, diferente de outros documentos que tiramos pela vida a fora, Pis/Pasep, CPF, Título de Eleitor, Carteira de Formação do Nível Superior, Passaporte, Cartão da Conta Corrente, das diversas lojas de descontos, e os famigerados Cartões de Créditos, que é melhor não estar à mão, às vezes.

Sempre que você precisa usar um desses documentos, transformados em cartões, só é possível se você estiver à mão a bendita Carteira de Identidade, que deve ser renovada a cada 10 anos por perder a validade, o que é uma invenção da vida moderna. Lembro que meus pais possuíam uma única Carteira de Identidade, durante a vida toda. Antiga, amassada, modelo que já nem existia mais, o retrato já estava amarelado, por ser em preto e branco e assim mesmo era usável.

Hoje, se você possui uma identidade antiga, qualquer banco, ou para inscrição de concurso, ou mesmo nos aeroportos já rejeitam, está fora da validade.

A cada 10 anos você tem que perder um bom tempo em um Instituto de Identificação para dizer que continua viva, que sua digital não mudou, mas a sua letra sim, e o seu retrato mudou demais.

Entrei a semana com esse problema. Mudar o R.G. Eu que tinha horror ao retrato da minha, e a ter que assinar o meu nome inteiro, o que nunca faço por ser grande demais, teria que dispor de tempo, criar tempo para a árdua e penosa tarefa.

Meu marido faz parte da COGERP, ou seja, é um dos Peritos Criminalísticos da Sec. de Segurança, eu não iria enfrentar fila, não ia esperar sentada para ser atendida, mas mesmo assim protelei o quanto pude. Eu tinha horror de ter que mostrar a Identidade, preferia por vezes lançar mão da Habilitação, ou do Crachá de funcionária da Prefeitura, ou da Assembléia.

Mas tomei coragem e fui tirar retrato 3x4, pois os que eu tinha estavam vencidos como dizem. Entrei em um estúdio de fotografia, dos muitos que têm na continuação da Rua de Capela, no Parque Teófilo Dantas, onde as fotos são entregues na hora e são bem mais baratas.

Havia um rapaz sentado, frente a um Computador e perguntei se tirava retrato 3x4, ele me respondeu que sim. Insistentemente perguntei: Mas faz mágica, para a gente ficar mais jovem? Mais bonita? Ele sorriu e abriu o tal do Programa Photoshop e disse:

-Vamos lá, tentar.

Pensei, comigo mesmo, eis a chance de ficar nova e bonita em uma Carteira de Identidade. Olhei-me em um espelho que ele me indicou, a maquiagem já havia derretido devido ao terrível calor, mas o que fazer? Somente passei a mão pelo cabelo, tentando arrumar um pouco e vamos lá à bendita foto 3x4, que me lembra os antigos santinhos distribuídos nas missas de 7º dia, onde a família sofrida, chorosa não se preocupava com a aparência do finado na foto. Apenas o identificavam para que lembrasse o rosto do morto.

Fiquei alguns segundos parada, esperando o rapaz trocar o chip da máquina digital e como tenho pensamento rápido, pensei: vou tirar um retrato alegre, sorrindo, aproveitar a minha blusa vermelha. E, assim foi.

Minutos depois, lá estava eu no Computador em três poses diferentes, sorrindo, de bem com a vida, que é como eu me proponho estar sempre, de um tempo pra cá. O rapaz começou com a sua mágica, cabelo não ficava desalinhado, marcas de expressão na testa, nas maças do rosto, no pescoço, nada mais existia.

Fique olhando perplexa. De repente não era mais eu quem estava na tela do computador. Era uma Barbi, que nunca envelhece, ou uma Global, que pessoalmente assusta pela diferença. Era realmente uma mágica, mas me assustava.

Ali, naquela tela, eu havia perdido a minha identidade. Onde estavam nos meus olhos, as marcas de lágrimas derramadas, os vincos da minha testa, provocados por angústias e por alegrias, a grande prega nas maças, fruto dos sorrisos. Por que tirar o que o tempo modelou, que são conseqüências de horas felizes, de muito amor, de horas tristes de dor, desamor, apreensão e outras coisas que a vida nos traz.

Eu timidamente disse ao rapaz: Não, não precisa tanto, senão eles não vão aceitar, assim fica bonita demais.

Mas não era isso. Eu não conseguia era me achar.

Sou vaidosa, brigo contra a idade, não passo sem uma boa maquiagem, mas ali eu havia descoberto que tudo isso dentro do que é meu. Do hoje, do agora. O passado tem que ser só passado, senão, não tem sentido se ter saudades. Eu já fui jovem, bonita, já vivi tudo isso, hoje meus valores têm que ser outros e meu rosto tem que ser meu, atual, não o que passou o que é passado, o que era inocente, irresponsável, sonhadora, que amava demais e chorava demais.

Não quero Photoshop em minhas fotos, não quero cirurgia plástica no meu rosto, quero viver o meu momento, onde sigo aprendendo que a minha vida é o agora, o hoje, o instante que vivo.

Só preciso de um bom fotógrafo que consiga capturar o brilho que ainda existe em mim. E foi isso que eu consegui na minha foto. Alguém que mostrou que estou de bem com a vida, agora, hoje, neste instante.

Então eu finalmente estou com uma nova Carteira de Identidade apresentável, atual, com uma foto que sorri para a vida.

Não vou mais escondê-la.

Afinal, quem é bela e pretensiosa envelhece, cria rugas, marcas de expressão, mas não fica feia.

Com certeza não vira bruxa... kakaka


quarta-feira, 1 de abril de 2009

- Na hora de dormir


Na hora de dormir

Quando criança sempre via as amigas de minha mãe conversando sobre o enxoval que estavam fazendo, ou como deveriam fazer, para as filhas já moças e casadoiras.
Algumas então faziam questão de mostrar os belíssimos lençóis sempre brancos, bordados a mão, em tecidos finos.
Eu, pequena ainda, mas curiosa, ficava olhando e não entendia o porquê de 2 fronhas, 1 forro de cama, e 1 lençol de cobrir. Lógico que também não podia pedir para tirarem minhas dúvidas.
A mãe da noiva fazia o enxoval para ser usado só pela noiva?
Por que 1 só lençol de cobrir?
Será que o noivo é que levava o lençol dele?
Criança, não podia falar em determinados assuntos, muito menos tirar dúvidas. Somente bisbilhotar as conversas das mães, sempre calada.
Não entendia. Era tudo belíssimo, mas como dormir naquele lençol cheio de goma e bordados?
Quando cresci um pouco e chegou a televisão em Aracaju, passei a ver nos filmes o casal dormindo em uma cama, e 1 só lençol cobria os 2.
Continuava não entendendo... Acho que eram os meus primeiros sinais de rebeldia e independência que afloravam em uma época em que criança era tratada como débil mental que nada entendia tudo ouvia, e tinha sempre que calar. E assim passei anos a fio sem entender o porquê da economia de lençol. Mas sabia que não queria aquilo para mim.
Sou meio metódica para dormir. Não durmo na cama que não é a minha, lençol tem que estar bem esticado no colchão. Não suporto o cheiro que não seja o meu, o que geralmente é uma mistura de alfazema com cigarro, no meu travesseiro e não divido lençol de cobrir com ninguém.
Quando estava comprando os meus lençóis, época em que, como boa rebelde já estava grávida do meu primeiro filho, irritava minha mãe pela exigência de comprar 3 lençóis. Isto representava mais gastos, e logicamente mais roupa para lavar. Afinal as lavadeiras cobravam 4 peças por lençol.
Para mim, não adiantava a argumentação que a tradição era que um casal dividia o lençol. Eu já achava, e acho insuportável ter que dividir quarto, cama, e ainda lençol? Nada me convencia. E o meu direito a minha privacidade de dormir como gosto onde fica?
Para mim, um casal não necessita dividir um lençol para se sentir juntos, nem para amar, nem para fazer amor.
Amor... é para ficar acordado, ser acordado, vivê-lo acordado.
Tania

- Peito que dói...


Peito que dói...


Quando comecei a escrever as angústias que povoavam meu coração, tive em mente que deveria escrever com palavras simples. Assim, quem se propusesse a ler não teria que ficar recorrendo a dicionário para saber o significado de palavras que não fossem do uso comum. Nunca pensei em ser erudita, por achar pedante, sem sentido e pouco aconchegante. Eu queria falar, não mostrar o meu domínio da língua Portuguesa.
Na minha época de estudante, era obrigatória a construção de dissertação, os temas eram sempre colocados em belos e grandes cartazes em calavetes bem na frente dos alunos. Todos os textos eram feitos em salas de aulas sob a supervisão de um mestre. Não era trabalho para casa, onde se pensa repensa-se, apaga e arruma, pede-se opiniões de amigos e familiares. Tudo era ali, na hora com tempo marcado, onde não se podia nem ruminar. Não existia computador, Lep Top, e o famoso Google, você tinha que ter imaginação e gostar ou aprender a gosta de escrever.
Hoje, com a minha participação nas rodas de leituras, que acontecem mensalmente na Biblioteca Pública, em conjunto com o Pró Ler, a febre de escrever se acentua cada vez mais e mais. Cada vez que eu acho que já escrevi tudo, aparece um bicho carpinteiro na minha mente e me força a escrever noite a dentro. Por que escrever? Não sei, talvez para esvaziar o peito. Que me interessa quem vai ler? Só nunca consegui me atrever a ser submetida a julgamentos. Tenho os meus medos.
Não escrevo para provocar mudanças em ninguém, nem poderia ser tão pretensiosa. As mudanças são frutos de processos que são vividos pelo sujeito, fruto da sua educação doméstica, suas vivências e companhias que têm. Tudo o que somos são consequências do que lemos, vivemos e incorporamos vida a fora. Não por temor a Deus, mas por respeito a si mesmo e em consequência ao ser humano que habita esse planeta.
Tive uma educação, rígida apesar de ser rebelde e sonhadora. Sempre me considerei muito além do meu tempo, mas as marcas deixadas em minha personalidade, fruto dos ensinamentos domésticos e vivenciados no Colégio de Lourdes e Jackson de Figueiredo permanecem em mim até hoje.
Aprendi a não mentir, não enganar, não roubar, respeitar os mais velhos e o ser humano, a desprezar o preconceito, a viver um dia de cada vez, sem tentar pisar nos outros tentando fazê-los de degraus, em busca de sucesso e vitórias. Sei honrar minha palavra e principalmente não ter a pretensão de querer ser espelho de certezas para ninguém.
Nesse mundo de incertezas, talvez seja por isso que o meu peito dói e tenho que escrever. Por vezes, encontramos os que dizem: “tento fazer a minha parte”. “Uma atitude construtiva exige tempo e paciência”. Não, acho que não é assim, precisamos é de vergonha e respeito, e isso se aprende na infância.
Quem aprende, quem conhece, quem vive, tem o peito que dói, por ver tantos vestirem-se na pele de cordeiro pela vida a fora.
O meu peito rebelde dói. E, então, eu escrevo e escrevo...

Tania

- Uma bolsa para mulheres



Uma bolsa para mulheres


São 6:00 horas da manhã, ainda meio acordada meio dormindo lá estava eu na cozinha arrumando a lancheira de minha neta que iria a escola em mais um dia de aula. Todos os dias eu tenho a obrigação de olhar o material dentro da pasta para ver se não esqueceu nada e arrumar o lanchinho dentro da lancheira.
Faço isso depois de beber dois dedos de café em um copo que chama urgente um cigarro. Gosto de beber meu primeiro café da manhã em um copo que tenho daquele bem comum, que é usado em qualquer bar e que tem o apelido de Americano. Lembra-me o tempo que eu fazia o científico e que saía de casa cedo para beber um café na padaria que ficava entre a minha casa e o colégio em que eu estudava.
Beber café para mim, que não gosto de comer pela manhã em uma padaria e sair fumando um cigarro Continental em uma hora em que não tinha ninguém na rua por ser muito cedo, era o máximo da liberdade-escondida que eu podia ter, aos meus 16 anos. E o hábito de tomar café em um copo eu tenho até hoje.
E cumprindo meu ritual matinal, estava eu na cozinha quando chega minha neta, linda, cheirosa e com uma bela bolsa cor de rosa no ombro, imitando gente grande que vai sair para trabalhar. Ela não se preocupava com a pasta, os livros nem a lancheira. Sua única preocupação era a bolsa cor de rosa que tinha o formato da cara de um gato, onde ela arrumava uma pequena boneca, um batom infantil e outras brefaias como toda cuidadosa moça.
Minha neta me dá um beijo, entra no carro e sai vaidosa me deixando de boca aberta a pensar na importância de uma bolsa bonita para uma mulher.
Que fetiche tem uma bolsa?
Uma bolsa é a companheira e cúmplice, calada, testemunha silenciosa que carrega uma vida dentro dela. A vida de quem a carrega no ombro.
Ela tem que ser bonita aos nossos olhos, tem que ter uma cor que agrade, uma boa qualidade, várias divisões dentro dela onde se pode colocar cada vez mais e mais coisas. Tudo para suporta o batente de ir para cá e para lá, ser jogada no banco do carro, no guarda-roupa, em cima de mesas, e por vezes ficar espremida entre o nosso corpo e o braço de uma cadeira. No chão jamais!!! Diz a lenda que acaba o dinheiro, que geralmente é o que ela nunca carrega, só miúdos e moedas para emergências.
Quando estamos felizes, sacudimos, balançamos, quando choramos apertamos contra o corpo em busca de um abraço que ela não pode retribuir. Ela só retribui o silêncio.
Não reclama da sempre falta de organização, de mexermos e remexermos nela procurando chaves, canetas, que sempre existem em duplicidade dentro e nunca conseguimos achar. Suporta cheiros de vaporizadores de perfume, canetas que vazam, batons que perdem a tampa a sujando, e um monte de papéis de todos os tamanhos que sempre empurramos para dentro sem nem abri-las.
Mas não é tudo. Simplesmente um dia trocamos tudo que carregamos nela para outra bolsa mais nova, ou mais bonita.
Passou um bom tempo nos acompanhando, conheceu cinemas, bares, restaurantes, carros, supermercados, lojas chiques, lojas de departamentos, feiras e armarinhos. Foi testemunha de farturas e quebradeira. Cúmplice em encontros e amores. Esteve sempre presente nos nossos medos e destemperos. Sempre em silêncio nos viu rir de felicidade, de ironia, fazer caras e bocas, críticas e elogios. E nunca nos traiu, e é simplesmente trocada por uma mais moderna, mais bonita. Em alguns instantes o seu destino é o fundo de um guarda-roupa, ou um novo dono que necessite de uma bolsa usada.
Mas mulher não passa sem uma boa bolsa. Sem apego, sem sentimentalismo bobo, sempre pronta para fazer uma boa troca.
Afinal, onde vamos carregar os pedaços das nossas vidas?
Quem pode ficar ao nosso lado em silêncio?
Afinal... Batom, escovas, canetas, borrachas, cartões, lenços de papel, lápis para olho e para a boca, preservativos, remédios, chaves, bilhetes, lembretes, contas para pagar, contas pagas, documentos, borrachinhas de prender cabelos, celular, bala de diversos sabores, uns chocolates, até mesmo um livro ou revista, além do talão de cheque e algum dinheiro, não podem ser carregados nos bolsos da calça, na mão, ou deixar de estar presentes no dia-a-dia de uma mulher.
Não é fetiche... É necessidade... É mania de ter tudo à mão. É a necessidade de ser perfeita. É a praticidade que se impõe à mulher.
Realmente... Bolsa é companheira indispensável de uma mulher.

Tania

- A tranqüilidade que Pirambu me traz.


Eu ainda gosto da tranqüilidade que Pirambu me traz.



Estou de volta para Aracaju, acabou o carnaval, já entramos no período da quaresma... Com a quaresma está chegando devarzinho a chuva para lavar o resto de carnaval. Vai levar com certeza, as mentiras, as promessas, as confissões feitas ao anoitecer, às juras de amores, os amores desfeitos, os sonhos de glorias, os enganos, e tudo mais que o carnaval trouxe.
Agora já não ouça mais alguém procurando “Dalila”, nem a canja de Cid Natureza, que tentava relembrar antigos carnavais, acabou a campanha do inocente, adolescente, aborrecente, que tentou imitar Vitor e Léo cantando Borboletas. As marisqueiras já recolheram suas fantasias, graças a Deus só o ano que vem.
Perdi vestidos, baby doll, algumas maquiagens estão imprestáveis, batons quebrados, mas me divertir muito... A sátira comandada por Tiago, em uma Carmem Miranda incrível, conseguiu deixar o Carnaval mais leve. Menos pretensioso mais descompromissado com o sucesso. Mas o sucesso aconteceu com Garrote, com a roupa de Luciana sua irmã, Fumaça, que usava biquíni e blusa de Bruna, Erik, Leco e o amigo Vaqueiro da égua lorinha Adriano, que saíram de Japaratuba em busca das Marisqueiras, Combate sem trator, vestindo um vestido de Clesiane, e outros mais que resolveram fazer da minha casa um salão de beleza, com direito a bebidinhas, bebidonas, e comidinhas, na ida e na volta do bloco. Foi tanta Vaquejada relembrada pelo Vaqueiro, da égua Loirinha...
Foi um carnaval diferente que tive...
Ouvi Sidney meu visinho reclamar do mau cheiro dos Túneis de Lixo, que de tão cheio, se espalhava pela calçada em um odor insuportável dos restos de mariscos, latinhas, e outras coisas. Não entendi porque da reclamação, afinal, lixeiro também tem direito a carnaval... Custava os moradores se reunirem e irem levar o lixo da rua lá na lixeira, no caminho da Lagoa Redonda!?!?! Estão mal acostumados...
Soube da surra que o filho da minha amiga a saudosa Vilma tomou no arrastão... É! Na briga do rochedo com o mar o caranguejo sempre leva a pior...
Não sai no bloco dos idosos... Também não sei se saiu... Só sei que sou fundadora, mas Doca, D. Jaci, D. Mª José, D. Nerita, Semy, Vermelho e Cú de Açúcar não lembraram de me convidar. E eu iria, com certeza...
Tudo de bom é o bloco dos idosos. Seguro, com refrigerante e cerveja, para acalmar o calor, Confete, Serpentina, Mascaras, fardamento identificando os participantes, Médico e Enfermeiras em uma ambulância para socorrer quem se sentir mal, e um bom lanche na chegada... Não que eu vá usar os privilégios, do bloco, porque não bebo não passo mal, nem sou de comer lanches... Mas sei que tem para os meus velhos, com quem compartilho das marchinhas de antigos carnavais... Será que saiu??
Mas, tudo bem... A cidade não teve 30.000, nem 40.000 foliões, mas estava sossegada, sem grandes agitos, permitindo a todos comemorarem o carnaval, e descansarem também. Não valeu a pena para os comerciantes e ambulantes que investiram tanto e não tiveram tanto lucro. Foi ótimo. Deixa o agito para Neopolis mesmo... Eu ainda gosto da tranqüilidade que Pirambu me traz.


Tania

- Divagações


Um dia eu pensei que a minha vida seria só minha. Que esse mundão o meu Deus tinha me presenteado com o objetivo de um dia eu achar ele pequeno de tanto que andaria, e viveria.
Santa e boba ilusão de adolescente, de jovem que se perdem no meio dos contos de fadas, nos belos romances obrigatórios na escola, ou simplesmente que sonham um dia com os ensinamentos de Karl Marx, e o encantamento sexual de Che Guevara.
O corpo obrigatoriamente se transforma, e de repente você se encontra com uma mulher adormecida dentro de você. Os apelos do corpo se tornam maiores que o da cabeça sonhadora. A mulher surge para tomar o lugar da jovem, achando que a sua parte sexual é muito mais importante do que tudo que se sonhou, se viveu, se aprendeu, porque lhes dá o prazer animalesco, a faz fêmea, pronta para a fatal reprodução tão decantada, tão dita e chamada de linda, mas que não perdoa. Transforma o corpo mais e mais, o efeito gravidade se faz presente, bem acompanhado da terrível depressão pós-parto, não entendido, não compreendido por todos, e por vezes não diagnosticadas pelos médicos.
E lá estou eu passando por toda a metamorfose imposta, e de repente descobrindo os primeiros fios brancos nos meus cabelos que insisto em pintar, e procurando onde foi que me perdi. Onde ficaram meus sonhos que um dia embalaram o meu sono? E o mundão que eu havia ganhado como ele se tornava grande demais agora.
Por que será que eu me apaixonei e deixei o meu lado animal ser mais forte em mim? Por que a ilusão de uma eterna paixão se faria para sempre em minha vida? Poetinha, ela é realmente é eterna enquanto dura, mas ela vive mudando de endereço e torna-se eterna eternamente várias vezes.
Não sei onde anda o meu eu... Será que ainda existe? Ou foi também só um sonho?
O que sou afinal? O que resta de mim? Não tenho tempo para divagar em perguntas, a cada esquina existe uma cobrança, que me exige mais e mais, porque eu sou a responsável pelas dívidas que contrai pela vida a fora...

Tania

- Choro de criança


Quero minha mãe... snif ! snif!
Quero ir para minha casa... snif! snif!
Não vim para essa escola para lidar com Pré-Escolar...

A rotina que estou vivendo esse ano no trabalho me inquieta. Choro de criança com saudades de casa e de mãe dói no meu peito e me provoca remorsos. Coisas de mãe que trabalha fora e que criou filhos com secretárias, com Professoras nas escolas, nas aulas de banca, de reforço, por nunca ter tempo, nem boa vontade de criar tempo.

A rotina do trabalho fora de casa, o se arrumar o melhor possível em menor tempo que se possa, o supervisionar lanches e fardas, sem esquecer que temos sempre que dizer o que fazer para o almoço, como deve ser lavada a blusa, e, blá, blá, blá... , não deixa espaço para se ter boa vontade de criar tempo para filhos, que torcemos que cresçam, e cresçam...

A rotina acaba no dia que você já não aquenta mais a roda viva e se aposenta. De repente procura um chão e não acha. Seus filhos cresceram, e cresceram, e você não viu direito. Aprenderam a ler, a usar o computador, a fazer suas escolhas de cultura, e você não esteve ali para ajudar, para sugerir, para dá opções, para impor mesmo. Você não teve tempo. E o remorso bate feio, com gosto amargo na boca.

Mas a vida não pára, e os espaços são outra vez ocupados. O meu é em uma escola de 1º grau que de repente foi apresentada à nova estrutura de ensino feitas em gabinetes. Nesta nova estrutura, a criança de 5 anos ou 6 anos incompletos já faz parte do 1º grau, supondo-se que já foi pré-alfabetizada. É uma imposição que vai de encontro às teorias de Piaget, para quem as crianças até os 7 anos se encontram em um período Pré-operatório, simbólico, intuitivo, mas sem conservação.

Antigamente a escola tinha um objetivo definido de Instruir e Educar. Assim foi quando estudei o antigo Primário, Ginásio e Cientifico. Havia aulas de Boas Maneiras, Canto, Música, com direito a régua nos dedos quando errava uma nota no piano. Com o tempo e os modernos métodos de ensino, a cada dia se apresenta uma novidade e são impostos às escolas como grandes descobertas, novidades, que nos fazem sempre estar desatualizadas, despreparadas, freqüentando cursinhos de atualizações, e mais cursinhos. A escola perdeu a sua característica de educar, passando somente a instruir, o mais urgente possível, porque tudo gira em torno das datas do vestibular, ficando assim a tarefa de educar a cargo da família.

E tudo urge. Tudo tem que ser o mais rápido possível. Alunos que deixam as escolas sem serem educados, nem instruídos. As fábricas de colégios particulares está cada vez mais rentável, lá se faz a matrícula, se compra o fardamento e todo material que deve ser usado pelo aluno, sem proporcionar opções de outras livrarias onde o preço poderia ser mais acessível porque tudo deve ser com o timbre e a logomarca da escola. E assim elas ficam cada vez maiores, com novidades e novidades prometendo fazer vários atletas, alunos de 1º lugar em diversos vestibulares, e professores cada vez mais despreparados, descompromissados se apegando às teorias de Alicia Fernandes que não conhecem, só ouviram falar.

Esse Professor despreparado acabou de sair de uma faculdade. Não que ele a tenha feito por vocação, mas por facilidades no acesso a um nível superior, o que geralmente finda criando profissionais especialistas em pesquisas e cópias do Google da Internet. E é este mesmo professor que vai para a escola e recebe um pequeno que chora com saudades da mãe. Mas ele não esta ali para ser a Tio que consola pq ele é o professor que tem um programa a cumprir, com um tempo marcado, com calendário de começo e fim, e uma progressão que deve ser feita porque não é lucrativo ter uma criança repetindo ano.

Do outro lado se tem uma família cada vez mais desestruturada, esgarçada, correndo e correndo para atender a sobrevivência, aos apelos de uma sociedade de consumo, cada vez mais impiedosa, que não tem tempo para ouvir o choro de saudades do filho. Uma família que não quer ser incomodada com problemas, que deveriam ser da escola? Que é dá escola? Acho que é da criança mesmo que tem a obrigação de sobreviver e se adaptar a essa sociedade que hora se apresenta. Cresce menino! Cresce...

Para quem tem remorso... Pede para parar, pede para colocar a criança pequena no colo, manda às favas os calendários, os programas, bate de frente com as normas, porque o coração fala mais alto. Esse coração tem remorsos