Meu cantinho

Criei um cantinho para postar os meus primeiros vôos, na inebriante tarefa que é escrever. Aqui tem os meus pensamentos, as minhas revoltas, e tudo o que vai pelo peito de uma mulher que é uma eterna apaixonada.
Coisas de mulher com alma sonhadora.
Mas sem pretensão de ser escritora.
Beijos e beijos

Tania

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Caminhamos perdidos


Caminhamos perdidos. Como bêbados em madrugadas, segurando corrimões sujos em percursos cheios de curvas. Fazemos subidas e decidas em terra de chão batido que doem nos corpos que insistem no ser.
Já não ouvimos caixinhas de músicas, nem canções de ninar. Bailarinas insistem em danças repetidas quando já não tem platéia. A boca geme, os dentes rangem e o bruxismo tem o gosto amargo de partidas não feitas. Somente existe presente uma mão cega a afagos em cabelos molhados de saudades. Uma solidão que mutila o corpo que treme e se nega a se possuir. É uma insistência de sermos ainda, quando urge a hora de ser solidão.
Lembranças com gosto e cheiro de leite talhado invadem a passagem de corpos que oscilam. Horas antigas de relógios quebrados não são bem vindas. Meus campos se fazem lamas que seguram pés aflitos no andar.
Preciso voltar. Longas braçadas devem me fazer sair e reaprender a andar. Mas não existe a certeza do querer. Velhos hábitos impedem um novo andar.

Tania

Retorno


A volta esperada foi feita quando o carnaval já morria. Já não existia confete e serpentina, só um caminhar cansado, sem cor, sem amor, já era tempo de cinzas.
Surges incomodando o silêncio, violando a ternura da doce saudade companheira de madrugadas de insônias.
Não trazes os braços para saciar o calor da estrela azul que vive em saudades por entre cometas de chocolates cobertos de chantili cortando os céus em ausências.
Não deixa o sono existir, pois já faz dia. Acorda... Tira as sandálias sujas, chama o silêncio como companhia, anda com tato por entre os dias de abandono. Acende uma luz tênue que ilumine nosso céu, não deixa cometas ofuscarem o seu sol.

Tania

Ternura cor de rosa


Queria de volta horas de bem querer.
Saudades de um namoro simples bem apaixonado.
Cheio de suspiros, pintado de ternura cor de rosa, povoada por sonho de mãos dadas, onde não existisse saudade.
Queria poder ficar abraçadinha. Assistir o sol se pôr imponente de sua missão cumprida, bem quieta em um cúmplice silencio.
Sem precisar palavras, explicações, satisfações, nem promessas ou juras. Queria apenas ficar junta, agarradinha pelo simples prazer de ficar, sem relógios nem folhinhas, sem celular, sem compromissos e preocupações.
Não quero prazer da besta no cio em dia de sexo. E um possuir que não sacie minha alma Quero ternura de braços em volta de meu corpo esquecendo que sou apenas fêmea. Quero uma boca beijando meus cabelos, uma respiração perto do meu ouvido, um coração batendo junto ao meu rosto, apenas isso.
Mas o tempo marca as horas impiedosas avisa que a estrada já foi vencida, e o trem do retorno já não existe. Folhinhas correm dias velozes, já não existe lugar para amar a calma da paixão.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

- Cheiro de Mofo


Minhas saudades de você estão com cheiro de mofo. Senti tantas dores, que de repente uma hora se fizeram quietas. Incrustando-se como uma perola em ostra, no mar. Aos pouco ela foi ficando amarela, coberta, escondida dentro de mim, e foi criando bolor.
Onde andam suas lembranças? Vasculho em um baú antigo cheio de poeira e teia de aranha, mas nunca me permito achar o cheiro de campo amanhecendo e o frescor dos seus braços. Sempre tem um relógio em uma igreja toca alto avisando que passou e é hora de calçar sandálias, que o cheiro agora de café é urgente na estrada que me obrigo a andar.
Em que caixinha será que te guardei? Estava frio, a chuva existia e havia um retorno quando o sol voltasse que não fiz. Perdi a estrada de volta e a chave da caixinha que te guardei, caiu na angustia de tentar trilhar ruas que não conhecia. Eram becos sem saídas que cada dia tornava o retorno mais longe dos meus passos.
Perdi a estrada, o seu cheiro, a suas lembranças. Tudo ficou esquecido em um nó que não resistiu no tempo. Já não posso lembrar de voltar, minha estrada agora é uma auto pista que não permite o olhar pra atrás. Não consigo nem sentir saudades, tudo ficou com cheiro de mofo. E eu também.

Tania