Meu cantinho

Criei um cantinho para postar os meus primeiros vôos, na inebriante tarefa que é escrever. Aqui tem os meus pensamentos, as minhas revoltas, e tudo o que vai pelo peito de uma mulher que é uma eterna apaixonada.
Coisas de mulher com alma sonhadora.
Mas sem pretensão de ser escritora.
Beijos e beijos

Tania

sábado, 23 de janeiro de 2010

Sangrando



Nó na cabeça
Cantar frio e saudades
Fantasias com mascaras
Sem dono...
Falar a falta pulsante
O tempo vazio
Sem bússolas...
Urge no peito
Um norte com sol
Que guie palavras
Libere a dor
O não mais ser
Margarida sem pétalas
Sem espera de primavera
Sangrando...

Quando estou só


Cedo madrugo
Desci entre angustias
Subo com boca salgada
Madrugada de fantasmas
Povoando lençóis cor de rosa
Um sol ausente
Negando socorro
Cheiro de mofo no ar
Pés friorentos
Baú saqueado na noite passada
Nuvens fujonas
Chega um sono antecipado
Provoca a volta aos sonhos
Buscando refugio ao frio...

Maria Angelica


Fuga pelas coxias. Sem despedidas, nem pedidos de licenças, dispensando aplausos, fugindo do desassossego.
Saiu de cena sem sonhos de voltar, a grande encenação ficou perdida entre rostos surpresos, as lembranças de rotas felizes não impedem um caminhar revolto, doido, cansado onde o esquecer prioriza as horas pardas cheia de cochilos e silêncios.
Calma, que ainda falta um ato para ser encenado, ainda resta comida no prato, o dia não se fez noite, os fantasmas estão em brincadeiras de vai e volta, não deve existir o medo, a luz verde ainda pisca ao longe.
Vamos voltar a cantar velhas canções, dançar na madrugada, correr na chuva molhando a alma doida, brincar com sal e pimenta nas tardes gulosas cheirando frituras doces.
Loucamente sento no degrau escuro esperando em silencio uma volta que não existe. E choro o abandono de uma peça que não pode ser minha.
Vou seguindo pensando em ouvir o riso estridente, entre esperanças de olhos que já não existem, mas que eu espero.
Quem sabe a mão pequena pouse em minha cabeça se fazendo presença em uma hora. Verteremos lagrimas só minhas só suas, que iremos secar em um momento qualquer em que o cheiro do chocolate exista outra vez.

Tania

O mar


O mar... Ele atrai e causa medos... Ele é imensidão, infinitude, que atrai pela liberdade que nos dá de podermos navegar, sem amarras, sem destino, embaladas nos sonhos, livres de conceitos e preconceitos.
O mar me atrai e o gosto de sal mexe com todo o todo o meu metabolismo, me trazendo coragem, aumentando meu libido, provocando uma troca, um casamento de corpos e de espírito. Meu corpo é dele, e suas águas me fazem viva sem medos. Ele me possui eroticamente, tira minha roupa, beija meu corpo, me faz dele sem pudor, horas com violência, horas mansamente.
Ah! Quem dera poder viver toda sua profundidade, mergulhar no seu infinito, descobrir seus segredos, conviver com seus habitantes, usufruir o seu silencio por vezes quentes, por vezes gelados. Mas não posso. Ele é grande e poderoso. Prevalece-se da sua grandeza e depois que me possui me joga na areia. Não importa se viva ou morta. Eu já não sirvo.
Como um ser supremo, dono da vida, não me permite que vasculhe o seu mundo, em uma curiosidade desmedida que o incomoda. Seu mundo, seus segredos são só seus. Já me permite molhar os pés, por que mais que isso? Se me atrevo enfrenta-lo é por ser boba e desconhecer o respeito que ele exige que se tenha.
Não tenho medo. O nosso amor é maior. Com o tempo, vou envelhecendo e ele não percebe que só eu envelheço, ele se renova a cada amanhecer, e não respeita a minha falta de agilidade, o meu corpo enrugado, meus cabelos brancos, que já não sou a que ele conheceu pequena, que ele ensinou a amá-lo que colocou seu gosto de sal na minha boca, que casou com ele tantas e tantas vezes.
Então... Eu olho namoro, desejo possuí-lo, molho meus pés com saudades, e simplesmente sento na areia. Ele não me permitiu vive-lo sem limites. Só me permitiu como aos poetas, sonhar...

Tania

Eliá


Como uma Eliá aos poucos me recolho. O peso dos anos no corpo não permite acompanhar cabeça sonhadora fervilhante de luz. As pernas já são presas fáceis de predadores incomodados com olhos pintados em carvão, que não se rendem.
Desde sempre o coração bate descompassado. A lembrança faz ouvir os passos amado que já não se faz.
Já não existe produção, reprodução, fecundação. Só uma saudade emerge doida como espinho.
Dias passados só sentido quando fica difícil o caminhar. Tornam-se obrigatórios pés com almofadas, para que não perturbe sonos.
Queria ser Fênix e não Eliá, mas as cinzas não existem em meu tempo, nem cantos de Hosana, apenas o fim aguardado.

Tania

Natal e Ano Novo


Chegou mas um fim de ano... Daqui mais alguns dias, estaremos em um Ano Novo, que de novo, não sei se tem alguma coisa, a não ser o fato que estarei mais velha e mais rugas irão aparecer no meu rosto.
Eu não sei por que tanta comemoração pelo termino de um ano. Devíamos parar o tempo, viver na terra do “Nunca”, com Peter Pan e Sininho. Então teríamos motivos para comemorar todos os dias...
Comemorar o sol quentinho, a lua romântica no mar, as flores que sempre nasceriam, o amor que nunca acabaria, o ser feliz que existiria, sem medo, sem dor, sempre em rosa, branco, amarelo, azul, e todas as cores possíveis.
Mas não é assim... O homem virou gente grande a sempre querer, como criança birrenta. Esqueceu de amar sem moedas de trocas, a impor como se fosse o dono de tudo e de todos, a enganar, a mentir, a roubar e perdeu o sentido de ser e não ter.
Mas uma vez vou ter que suportar os enjoativos “Amigo secreto”, os jantares de comemoração, os falsos abraços e beijinhos, e os infelizes “Feliz Natal e Ano Novo”. Logicamente acompanhados por porres homéricos de que nunca bebe, por presentes que irão ficar sempre sem abrir no meu armário de banheiro, por caixa de mensagens entupida de votos de felicidades...
Não sei, não entendo, não aceito... Durante o ano quem nem olhou no meu olho, não quis sabe como andava meu dia, me abraça em nome do Natal e me beija? E amanhã? Será mais um novo ano, que nem perceberão que existo,que respiro, tenho dor, tenho felicidade?
Pobre do menino Jesus... Tão propagado nessa época, e esquecido o resto do ano... Serve apenas como desculpa para mesa farta, presentes, brindes... A que mesmo? Ao nascimento de quem ajudamos todos os dias a colocar na cruz?
Vamos lá... Me deseje todos os dias a felicidade, diga que estou bela, mais magra, mais nova, me convide para tomar um sorvete sem compromissos, ou um café quentinho no shopping, mas não me chegue com clichês porque faz muito tempo que deixei de acreditar e de esperar ansiosa Papai Noel.
Mas, se você faz questão de viver a grande farsa anual, lá vai de todo coração: “Feliz Natal e Prospero Ano Novo”
Beijocasssss
Tania