Meu cantinho

Criei um cantinho para postar os meus primeiros vôos, na inebriante tarefa que é escrever. Aqui tem os meus pensamentos, as minhas revoltas, e tudo o que vai pelo peito de uma mulher que é uma eterna apaixonada.
Coisas de mulher com alma sonhadora.
Mas sem pretensão de ser escritora.
Beijos e beijos

Tania

terça-feira, 26 de maio de 2009

- Pirão fora de tempo...



Pirão fora de tempo...


Quero crer que não... Por vezes creio que sim...
Dúvidas que cercam meus pensamentos, a toda hora.
O ar anda pesado, o tempo meio conturbado, vem tempestade, vem vendaval???
Como diz meu velho amigo Doca, já foi lua, agora ela já está morrendo. Será?
Velhas canções que cantam liberdade e justiça já posso ouvir. Meus ídolos já não são mais censurados, presos e deportados.
Mas o ar anda pesado. Relâmpagos e trovoadas se formam ao longe. Muitos gemem, muitos têm frio, muitos têm fome, e não conseguem um cachorro quente para comer. Mas comer como? Já não resta pão, nem salsicha no bornal.
Já não leio o Pasquim, Jorge Amado morto não produz livros, Caetano Veloso canta o amor e Gil... Desistiu da carreira, que não seja a de cantar.
E, em meio ao dilúvio que se arruma, ouço alguém me falar de Flores, vejo pessoas enfileiradas em um coral cantando Vandré, que se nega a cantar.
Até quando vou esperar para ser Lua outra vez??
Será que posso ficar na minha praia esperando? Ou vai ser Proibido? Por que não tenho uma bolsa vermelha para catar estrelas?
A vacina contra gripe não chegou pra mim. Vou esperar outras luas para que ela chegue. Nem a de rubéola, cheguei tarde na fila. Também quem manda não ter relógio nem folhinhas. Quem manda não contar o tempo na medida certa.
Mas o grande Dragão se faz presente, e como coelho reproduz rápido, e eu tenho medo. Ou não tenho. Sei lá!
Vou continuar a usar papiro, a secar o peito, a sangrar nas letras como hemorragia descontrolada.
Vem grande dragão, com seu fogo queimando tudo que eu não me importo. O meu mar tem bastante água para te abater. E seu tempo de vida é contado no relógio do sol, que nunca vai deixar de existir.
Eu sou livre como o vento, como o mar, e não temo tempestades.
Fui forjada nos tempos de guerras, com aço temperado.
Não vou esquecer de cantar Vandré.
Não vou deixar de falar de flores, porque tem muita barriga que doe, muita teta seca sem leite, no meio da festa.
Não aprendi a me agasalhar, me esconder das sombras, procurar refúgios que me acolham, quer o vento seja norte, seja sul.
Mas aprendi a olhar, e ver, a ouvir e sentir. E a vomitar quando o pirão está fora do tempo, do tempero.

Tania

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