Meu cantinho

Criei um cantinho para postar os meus primeiros vôos, na inebriante tarefa que é escrever. Aqui tem os meus pensamentos, as minhas revoltas, e tudo o que vai pelo peito de uma mulher que é uma eterna apaixonada.
Coisas de mulher com alma sonhadora.
Mas sem pretensão de ser escritora.
Beijos e beijos

Tania

quarta-feira, 1 de abril de 2009

- Choro de criança


Quero minha mãe... snif ! snif!
Quero ir para minha casa... snif! snif!
Não vim para essa escola para lidar com Pré-Escolar...

A rotina que estou vivendo esse ano no trabalho me inquieta. Choro de criança com saudades de casa e de mãe dói no meu peito e me provoca remorsos. Coisas de mãe que trabalha fora e que criou filhos com secretárias, com Professoras nas escolas, nas aulas de banca, de reforço, por nunca ter tempo, nem boa vontade de criar tempo.

A rotina do trabalho fora de casa, o se arrumar o melhor possível em menor tempo que se possa, o supervisionar lanches e fardas, sem esquecer que temos sempre que dizer o que fazer para o almoço, como deve ser lavada a blusa, e, blá, blá, blá... , não deixa espaço para se ter boa vontade de criar tempo para filhos, que torcemos que cresçam, e cresçam...

A rotina acaba no dia que você já não aquenta mais a roda viva e se aposenta. De repente procura um chão e não acha. Seus filhos cresceram, e cresceram, e você não viu direito. Aprenderam a ler, a usar o computador, a fazer suas escolhas de cultura, e você não esteve ali para ajudar, para sugerir, para dá opções, para impor mesmo. Você não teve tempo. E o remorso bate feio, com gosto amargo na boca.

Mas a vida não pára, e os espaços são outra vez ocupados. O meu é em uma escola de 1º grau que de repente foi apresentada à nova estrutura de ensino feitas em gabinetes. Nesta nova estrutura, a criança de 5 anos ou 6 anos incompletos já faz parte do 1º grau, supondo-se que já foi pré-alfabetizada. É uma imposição que vai de encontro às teorias de Piaget, para quem as crianças até os 7 anos se encontram em um período Pré-operatório, simbólico, intuitivo, mas sem conservação.

Antigamente a escola tinha um objetivo definido de Instruir e Educar. Assim foi quando estudei o antigo Primário, Ginásio e Cientifico. Havia aulas de Boas Maneiras, Canto, Música, com direito a régua nos dedos quando errava uma nota no piano. Com o tempo e os modernos métodos de ensino, a cada dia se apresenta uma novidade e são impostos às escolas como grandes descobertas, novidades, que nos fazem sempre estar desatualizadas, despreparadas, freqüentando cursinhos de atualizações, e mais cursinhos. A escola perdeu a sua característica de educar, passando somente a instruir, o mais urgente possível, porque tudo gira em torno das datas do vestibular, ficando assim a tarefa de educar a cargo da família.

E tudo urge. Tudo tem que ser o mais rápido possível. Alunos que deixam as escolas sem serem educados, nem instruídos. As fábricas de colégios particulares está cada vez mais rentável, lá se faz a matrícula, se compra o fardamento e todo material que deve ser usado pelo aluno, sem proporcionar opções de outras livrarias onde o preço poderia ser mais acessível porque tudo deve ser com o timbre e a logomarca da escola. E assim elas ficam cada vez maiores, com novidades e novidades prometendo fazer vários atletas, alunos de 1º lugar em diversos vestibulares, e professores cada vez mais despreparados, descompromissados se apegando às teorias de Alicia Fernandes que não conhecem, só ouviram falar.

Esse Professor despreparado acabou de sair de uma faculdade. Não que ele a tenha feito por vocação, mas por facilidades no acesso a um nível superior, o que geralmente finda criando profissionais especialistas em pesquisas e cópias do Google da Internet. E é este mesmo professor que vai para a escola e recebe um pequeno que chora com saudades da mãe. Mas ele não esta ali para ser a Tio que consola pq ele é o professor que tem um programa a cumprir, com um tempo marcado, com calendário de começo e fim, e uma progressão que deve ser feita porque não é lucrativo ter uma criança repetindo ano.

Do outro lado se tem uma família cada vez mais desestruturada, esgarçada, correndo e correndo para atender a sobrevivência, aos apelos de uma sociedade de consumo, cada vez mais impiedosa, que não tem tempo para ouvir o choro de saudades do filho. Uma família que não quer ser incomodada com problemas, que deveriam ser da escola? Que é dá escola? Acho que é da criança mesmo que tem a obrigação de sobreviver e se adaptar a essa sociedade que hora se apresenta. Cresce menino! Cresce...

Para quem tem remorso... Pede para parar, pede para colocar a criança pequena no colo, manda às favas os calendários, os programas, bate de frente com as normas, porque o coração fala mais alto. Esse coração tem remorsos

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