Meu cantinho

Criei um cantinho para postar os meus primeiros vôos, na inebriante tarefa que é escrever. Aqui tem os meus pensamentos, as minhas revoltas, e tudo o que vai pelo peito de uma mulher que é uma eterna apaixonada.
Coisas de mulher com alma sonhadora.
Mas sem pretensão de ser escritora.
Beijos e beijos

Tania

sexta-feira, 24 de abril de 2009

- Sobrenomes


De repente Aracaju, virou uma cidade grande, bonita, agradável, podemos dizer desenvolvida. A visão megalomaníaca, como muitos acham do Gov. João Alves trouxe o progresso e em conseqüência todos os perigos das grandes metrópoles.
Mesmo bancando moradores de cidade grande os Aracajuanos, não esquecem os modos, por vezes, de interioranos. Consideram Aracaju, um ovo, onde todos se conhecem, são parentes e fazem propagadas disso nas inúmeras comunidades do Orkut na Internet.
As pessoas são avaliadas pelo sobrenome e não pelo nome. Você pode ser inteligente, trabalhador, ter um bom salário e um bom emprego, mas a sua competência cai por terra quando alguém pergunta de que família você é.
Tornou-se folclórico o uso de sobrenomes. Cada hora temos um na moda, em meus anos de Aracaju, já vi vários, Prado, Leite, Garcez, Vasconcelos, Mendonça, Barreto e outros mais, todos ligados a uma figura Política de destaque ou a um grande negociante da terra.
Quem tem um parente lá por traz da serra, que lhe possibilita usar um nome de destaque, despreza o seu nome real, por um importante, desde que não seja Santos, Jesus, Silva. E quando acontecem os casamentos, a esposa e os filhos devem usar o nome mais importante nos documentos, descartando até mesmo o nome do marido a quem jura ser fiel na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, mas no sobrenome, jamais haverá juramentos.
Na época de curso universitário assisti uma vez uma moça fazendo escândalo por ser reprovada em uma matéria que a Professora usava Santos como sobrenome e era negra. A Professora é uma Doutora, com um nível de conhecimento invejável e uma didática das melhores que já vi.
Mas a moça gritava aos quatros ventos pelos corredores, “só podia ser preta e dos Santos”, na época ainda não existia a Lei Mª da Penha, nem penalidades por preconceitos o que possibilitava oportunidade as meninas de famílias, que freqüentavam a Universidade, os escândalos que quisessem.
Anos depois, fui a vítima. Não sou Sergipana, nem sou casada com Sergipano. Portanto, meus sobrenomes são importados de outros estados, não sendo eu parente de nenhuma autoridade, nem de família tradicional, apesar de ter sobrenomes conhecidos.
A cada hora, no meu trabalho com políticos no PFL, sempre encontrava alguém querendo associar um dos meus sobrenomes a esse ou aquele político. Sempre me diziam: Você é eficiente. Você é de confiança. Você é competente. Você é agradável, mas sempre vinham as terríveis perguntas: Você é irmã ou sobrinha do Deputado, do Vice-Governador, do ex-político e outras autoridades mais, que levasse a associação do meu nome.
Hoje em dia já não trabalho com política, e já não ouço esse tipo de pergunta. Entretanto, o hábito de querer ser parente de políticos não desapareceu ainda da vida das pessoas. Volta e meia encontramos alguém querendo bancar o importante, o nobre, usando um imponente nome que o torne importante também.
Bastante interessante. A Universidade está aí, bem como diversas faculdades, para que as pessoas estudem e procurem com méritos próprios e capacidade serem importantes, mas se torna mais fácil ser parente.
Eu não consigo entender nem achar engraçado. Estamos em 2009, vivemos em um Estado em pleno desenvolvimento e a cabeça das pessoas, uma minoria é claro, continua provinciana, interiorana, fazendo questão de ostentar um sobrenome, conseguido sabe lá Deus como.
Por isso faço questão de assinar somente Tania, que é meu, só meu, não que eu tenha vergonha dos meus sobrenomes, mas são somente sobrenomes, que herdei que ganhei quando casei.
Meu mesmo é só Tania.

Tania.


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