Meu cantinho

Criei um cantinho para postar os meus primeiros vôos, na inebriante tarefa que é escrever. Aqui tem os meus pensamentos, as minhas revoltas, e tudo o que vai pelo peito de uma mulher que é uma eterna apaixonada.
Coisas de mulher com alma sonhadora.
Mas sem pretensão de ser escritora.
Beijos e beijos

Tania

quarta-feira, 1 de abril de 2009

- Uma bolsa para mulheres



Uma bolsa para mulheres


São 6:00 horas da manhã, ainda meio acordada meio dormindo lá estava eu na cozinha arrumando a lancheira de minha neta que iria a escola em mais um dia de aula. Todos os dias eu tenho a obrigação de olhar o material dentro da pasta para ver se não esqueceu nada e arrumar o lanchinho dentro da lancheira.
Faço isso depois de beber dois dedos de café em um copo que chama urgente um cigarro. Gosto de beber meu primeiro café da manhã em um copo que tenho daquele bem comum, que é usado em qualquer bar e que tem o apelido de Americano. Lembra-me o tempo que eu fazia o científico e que saía de casa cedo para beber um café na padaria que ficava entre a minha casa e o colégio em que eu estudava.
Beber café para mim, que não gosto de comer pela manhã em uma padaria e sair fumando um cigarro Continental em uma hora em que não tinha ninguém na rua por ser muito cedo, era o máximo da liberdade-escondida que eu podia ter, aos meus 16 anos. E o hábito de tomar café em um copo eu tenho até hoje.
E cumprindo meu ritual matinal, estava eu na cozinha quando chega minha neta, linda, cheirosa e com uma bela bolsa cor de rosa no ombro, imitando gente grande que vai sair para trabalhar. Ela não se preocupava com a pasta, os livros nem a lancheira. Sua única preocupação era a bolsa cor de rosa que tinha o formato da cara de um gato, onde ela arrumava uma pequena boneca, um batom infantil e outras brefaias como toda cuidadosa moça.
Minha neta me dá um beijo, entra no carro e sai vaidosa me deixando de boca aberta a pensar na importância de uma bolsa bonita para uma mulher.
Que fetiche tem uma bolsa?
Uma bolsa é a companheira e cúmplice, calada, testemunha silenciosa que carrega uma vida dentro dela. A vida de quem a carrega no ombro.
Ela tem que ser bonita aos nossos olhos, tem que ter uma cor que agrade, uma boa qualidade, várias divisões dentro dela onde se pode colocar cada vez mais e mais coisas. Tudo para suporta o batente de ir para cá e para lá, ser jogada no banco do carro, no guarda-roupa, em cima de mesas, e por vezes ficar espremida entre o nosso corpo e o braço de uma cadeira. No chão jamais!!! Diz a lenda que acaba o dinheiro, que geralmente é o que ela nunca carrega, só miúdos e moedas para emergências.
Quando estamos felizes, sacudimos, balançamos, quando choramos apertamos contra o corpo em busca de um abraço que ela não pode retribuir. Ela só retribui o silêncio.
Não reclama da sempre falta de organização, de mexermos e remexermos nela procurando chaves, canetas, que sempre existem em duplicidade dentro e nunca conseguimos achar. Suporta cheiros de vaporizadores de perfume, canetas que vazam, batons que perdem a tampa a sujando, e um monte de papéis de todos os tamanhos que sempre empurramos para dentro sem nem abri-las.
Mas não é tudo. Simplesmente um dia trocamos tudo que carregamos nela para outra bolsa mais nova, ou mais bonita.
Passou um bom tempo nos acompanhando, conheceu cinemas, bares, restaurantes, carros, supermercados, lojas chiques, lojas de departamentos, feiras e armarinhos. Foi testemunha de farturas e quebradeira. Cúmplice em encontros e amores. Esteve sempre presente nos nossos medos e destemperos. Sempre em silêncio nos viu rir de felicidade, de ironia, fazer caras e bocas, críticas e elogios. E nunca nos traiu, e é simplesmente trocada por uma mais moderna, mais bonita. Em alguns instantes o seu destino é o fundo de um guarda-roupa, ou um novo dono que necessite de uma bolsa usada.
Mas mulher não passa sem uma boa bolsa. Sem apego, sem sentimentalismo bobo, sempre pronta para fazer uma boa troca.
Afinal, onde vamos carregar os pedaços das nossas vidas?
Quem pode ficar ao nosso lado em silêncio?
Afinal... Batom, escovas, canetas, borrachas, cartões, lenços de papel, lápis para olho e para a boca, preservativos, remédios, chaves, bilhetes, lembretes, contas para pagar, contas pagas, documentos, borrachinhas de prender cabelos, celular, bala de diversos sabores, uns chocolates, até mesmo um livro ou revista, além do talão de cheque e algum dinheiro, não podem ser carregados nos bolsos da calça, na mão, ou deixar de estar presentes no dia-a-dia de uma mulher.
Não é fetiche... É necessidade... É mania de ter tudo à mão. É a necessidade de ser perfeita. É a praticidade que se impõe à mulher.
Realmente... Bolsa é companheira indispensável de uma mulher.

Tania

Nenhum comentário:

Postar um comentário